Rompante à parte, AC protegeu-se, porque a banca era sisuda, cinquentona e já ocupava, tinha ocupado ou viria a ocupar postos importantes na administração pública e privada deste país. Quatro membros dessa banca eram nascidos na década de 90 do século anterior: Leo Vaz, Guilherme de Almeida, Jorge Americano e Gabriel Resende. O delfim do grupo era Afonso Arinos de Melo Franco, nascido em 1905. Quase todos já eram experimentados professores de curso superior, devidamente togados e ungidos para aquela cerimônia pública. De um lado, essa corte vetusta; de outro, candidatos de envergadura, disputando espaço acadêmico sob a mira de instituições conservadoras, como a Igreja, por exemplo. Em momento carregado de cisões ideológicas profundas e belicosas, resguardavam-se todos os lados, incluindo-se neles os outros quatro candidatos, além de AC, classificado em primeiro lugar, mas que não levou. Logo depois do primeiro 1 Antonio Candido. "Mário e o concurso", in Recortes. São Paulo, Companhia das Letras, 1993, pp. 241-244.
No final de 1893, Eduardo Prado tumultuou o cenário intelectual e político brasileiro ao publicar A Ilusão Americana, imediatamente confiscado pelo governo de Floriano Peixoto, nem um pouco interessado em provocar atrito com o governo norte-americano. Em 1899, foi a vez de Oliveira Lima publicar seu Nos Estados Unidos, obra de franca simpatia pelo país norte-americano. Entre ambos, o jovem Adolfo Caminha publicou seu No País dos Ianques (1894), relato de viagem que realizara como guarda-marinha do Almirante Barroso, em visita oficial a Nova Orleans e Nova York. Estas obras, com algumas crônicas de Olavo Bilac e com a crítica literária de José Veríssimo, diluem parte da histórica francofilia brasileira e nela inserem uma alternativa que aponta para o universo de língua inglesa
A apresentação de um autor envolve quase sempre o seu elo gio. O apresentador investe-se da função de mestre de cerimônias e procura atrair, com estardalhaço ou não, a atenção do "respeitável público"Um recurso apelativo dessa natureza torna-se muitas vezes in justo, porque, dependendo do escritor apresentado, pode-lhe atri buir uma grandeza discutível, o que favorecerá, então, uma distor ção valorativa.Desse modo, anos atrás, quando Paulo Dantas recebeu a in cumbência de apresentar O Cabeleira, seu entusiasmo pelo roman cista chegou ao ponto de endossar plenamente o juízo superficial e impressionista que sobre ele emitira Síívio Romero: "Alta é a im portância que toca a Franklin Távora, pois que lhe cabe um posto notável entre os mais distintos romancistas do Brasil até os dias de h o je ." (1)Tanto um como outro vibram apenas com o caráter popular de seu romance. E popular em duplo sentido: porque é facilmente digerível por larga margem de leitores, segundo Dantas; e porque pretendeu resgatar do anonimato as grandes porções humanas do Nordeste e seus dramas. Com Távora, afirma Dantas, "as massas populares entraram em nosso romance" (OC. 7) Ora, o equívoco é evidente. Não basta a nobreza do motivo para se construir um bom ro mance. Se isso fosse suficiente, o drama cortante dos salineiros, corroídos pouco a pouco pelo sol e sal, teria feito de Barro Blanco obra marcante em nossa literatura. No entanto, a dignidade do mo tivo vê-se diminuída pelo fôlego curto do autor, que nada acres centa, esteticamente, a uma situação aguda em si.
Resumo Depois de tantos anos, esta é a coleção mais abrangente, mais ambiciosa e mais bem preparada da correspondência ativa e passiva de Machado de Assis, patrocinada pela Academia Brasileira de Letras, organizada por Paulo Sergio Rouanet e com colaboração de alta competência técnica de Sílvia Eleutério e de Irene Moutinho. Seus cinco volumes, contendo 1.200 itens de correspondência, cobrem o período entre 1860 e 1908.
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