RESUMO Os autores descrevem as alterações hemodinâmicas encefálicas que ocorrem na vigência do vasoespasmo após a hemorragia subaracnoidea por aneurismas. O conhecimento dessas alterações facilita o entendimento das medidas terapêuticas. ABSTRACT Cerebral hemodynamic alterations due to vasospasm The authors describe the hemodynamic encephalic alterations that occur during the vasospasm after aneurysmal subarachnoid hemorrhage. The knowledge of these alterations promotes better understanding of the therapeutic procedures. KEY WORDS Vasospasm. Cerebral hemodynamic. Subarachnoid haemorrhage. Introdução Existem vários estudos na literatura que analisam de maneira isolada determinados componentes do he-mometabolismo cerebral na vigência da isquemia por vasoespasmo. Tal isolamento experimental oculta o conhecimento fisiopatológico dinâmico que permite a integração e a análise crítica dos resultados oferecidos. No texto a seguir uma revisão compreensível das altera-ções perfusionais e metabólicas é realizada, permitindo o entendimento da questão. 64 Constrição arterial A constrição arterial bifásica que ocorre nas artérias relacionadas às cisternas intracranianas e a seus ramos diminui o fluxo sanguíneo encefálico (FSE) regional ou globalmente. 17,18,50,67 Em relação à pressão de perfusão, esta permanece a mesma na entrada do segmento espástico, mas de-cresce rapidamente após esse segmento, diminuindo a pressão de perfusão a jusante. Essa diminuição da pressão de perfusão pode originar diminuição do fluxo sanguíneo. 25,116 Havendo diminuição da pressão de perfusão e do fluxo, a arteríola pré-capilar se abre na entrada da micro-circulação com o intuito inicial de diminuir a resistência vascular. Essa abertura da arteríola pré-capilar permite o aumento do volume sanguíneo encefálico, que se acumula no sistema de capacitância vascular consti-tuído pela microcirculação, vênulas e veias. Assim, na vigência de vasoespasmo, o encéfalo tem baixo fluxo e alta volemia intrínseca e pode tornar-se tumefeito ou inchado. 41,54,72,74,78,97 Embora o fluxo sanguíneo (em mL/100 g cérebro/ minuto) diminua proporcionalmente à estenose arterial , a velocidade do fluxo aumenta (em cm/segundo) de maneira inversamente proporcional, o que é diag-nosticável ao exame por doppler transcraniano (DTC). 1,16,29,33,43,53,61,84,88,89,93,94 Se o FSE continua caindo, a ex-tração tecidual de O 2 (retirada de unidades de oxigênio por unidade de volume sanguíneo que trafega pela área em sofrimento) aumenta de maneira a manter