Este trabalho faz uma análise da relação de governos em dois países diferentes com movimentos sociais – feministas e conservadores – para uma abertura ou não do debate em torno de políticas para as mulheres. O período de análise corresponde aos governos do PRI e do PAN no México e o governo do PT no Brasil. Os casos desses dois países nos chamam a atenção; como em um país que possuía um governo de esquerda no Executivo e uma aproximação com os movimentos feministas, não foi capaz de avançar em algumas áreas de políticas para as mulheres; enquanto o outro, que não apresenta todos esses fatores e contava com um governo conservador/pragmático no nível federal, conseguiu avançar em determinadas questões? Esta é uma temática que merece atenção pelo fato de que a representação de gênero, nos países estudados, difere do que é esperado pela literatura e, com isso, o estudo visa mostrar o que precisa ser compreendido desses casos.
Neste artigo, sugerimos conectar as literaturas sobre instituições participativas e movimentos sociais para compreender o cenário da participação social nos conselhos de políticas no Brasil após o impeachment de Dilma Rousseff em 2016. Especificamente, adotamos o conceito de repertórios de interação, a fim de perceber quais são as reações e/ou resistências dos espaços e atores em relação às mudanças no contexto político e nas políticas públicas, e o que explicaria as semelhanças e diferenças entre os conselhos. O artigo baseia-se em pesquisa qualitativa e comparada entre dois conselhos nacionais com alto grau de institucionalização no Brasil: o Conselho Nacional de Saúde (CNS) e o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), a partir de análise de conteúdo de documentos e entrevistas semiestruturadas. O texto mostra que os Conselhos inovaram e adotaram distintos repertórios de interação com o Estado, ao longo dos últimos três anos, mas apresentaram diferentes reações ao contexto em função da variação em dimensões que são chave para o estudo das IPs, como o desenho institucional, o histórico de interação socioestatal e o grau de institucionalização da política pública.
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