Neste artigo, discute-se os processos de metropolização e periferização na Bahia e no Brasil a partir do exemplo de Salvador-BA, abordando-se temas correlatos como a criação de regiões metropolitanas na escala nacional, os movimentos migratórios campo-cidade, a industrialização, a "favelização" e os recentes fenômenos de suburbanização e "involução metropolitana", observados nas metrópoles nacionais. Em um segundo momento, a análise está focada na organização espacial do município de Salvador e de sua região metropolitana bem como na distribuição das classes sociais no espaço urbano e metropolitano. Conclui-se, para o caso da capital baiana, que polarização social e espacial são fenômenos manifestos em todo o território metropolitano e não só na produção de habitações como também na oferta de lazer e de emprego, de comércio e serviços, etc. Mas, mesmo com déficits evidentes de infra-estrutura, com o quadro generalizado de pobreza, desemprego e problemas ambientais, os bairros populares da metrópole são centrais para a diversidade social e cultural no espaço metropolitano. E isso acontece apesar da concentração dos equipamentos culturais nos bairros de classe média em Salvador e nos demais municípios da Região Metropolitana.
Neste artigo são discutidas as relações entre microterritorialidades urbanas e as estratégias de apropriação socioespacial do espaço público na cidade contemporânea, com o intuito de explicitar os conteúdos simbólicos e de cunho segregacionista que se manifestam através da constituição de territórios plásticos e móveis dos diferentes grupos sociais, classes e frações de classe. Essas questões são analisadas a partir de exemplos concretos em Paris e Salvador, que revelam os efeitos de classe (segmentação) e de massa (transversalidade) nos processos de apropriação de praias e parques em um contexto urbano/metropolitano. A operacionalização dos conceitos de território e espaço público na análise dos exemplos apresentados mostra, por outro lado, que as barreiras/os limites que se estabelecem entre os diferentes territórios resultam de uma dialética entre capital cultural e econômico que vai condicionar processos de segmentação/segregação no espaço público da cidade contemporânea, desvendando “identidades” baseadas nos modos de consumo do/no espaço.
Pretende-se discutir as diferentes perspectivas teórico-metodológicas para a Geografia humana, a partir da operacionalização dos conceitos de paisagem, lugar e região, apontando para a constituição/consolidação de uma Geografia humana dos espaços vividos. Serão apresentadas, de modo preliminar, as diferentes abordagens em Geografia humana para os conceitos de paisagem, lugar e região, priorizando a discussão sobre a possibilidade de um embasamento a um só tempo dialético e fenomenológico para a operacionalização dos conceitos. Paisagem, lugar e região serão apresentados como caminhos epistemológicos e metodológicos para uma abordagem geográfica focada nas práticas espaciais, nos espaços de representação e nas representações do espaço (LEFEBVRE, 2000), o que aponta para a importância das representações espaciais como elemento intrínseco aos processos de produção do espaço na contemporaneidade. Buscar-se-á, também, lançar as bases de uma Geografia Humana dos espaços vividos, apresentando-a como uma Geografia cognitiva das representações sociais e espaciais, que dê conta das complexas estruturas de representação da sociedade, relacionando a discussão com a operacionalização dos conceitos apresentados (paisagem, lugar e região).
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