RESUMO: Neste texto, procurar-se-á defender que os Social Media podem ser compreendidos como um conjunto de plataformas digitais potenciadoras de uma “imagem da existência” que, mais do que estar sujeita à vontade do seu utilizador, se mostra capaz de nele criar uma ideia de si, assim como do seu “mundo-em-torno”, a qual se encontra já tecnicamente circunscrita. Tomando o pensamento fenomenológico como pano de fundo, reflectir-se-á sobre a dimensão hermenêutica da criação de uma “imagem da existência” que é instaurada através dos Social Media. Procurar-se-á por essa via construir uma problematização fenomenológica do impacto que os Social Media possuem sobre a interpretação do ser humano, delimitando o modo como essas plataformas se revelam capazes de influenciar a concepção que este constrói do “mundo” e da sua própria existência, tornando-as “inautênticas”.
No decorrer das duas primeiras décadas do século XXI, a hermenêutica confrontou-se com um novo desafio. Um desafio que foi lançado pela disseminação e utilização massivas dos meios e tecnologias digitais, por sua vez capazes de determinar o modo como cada sujeito constrói, compreende, e interage com o seu mundo. A ubiquidade do digital delimitou um novo enquadramento da questão da interpretação, sobre o qual a Hermenêutica tem obrigatoriamente que reflectir, seja no sentido de problematizar a influência do digital sobre a interpretação e compreensão humanas, seja enquanto via metodológica que permite compreender e clarificar os processos interpretativos que são já inerentes aos meios e tecnologias com os quais o ser humano se encontra hoje, em constante interacção.O texto Hermenêutica Digital (Digital Hermeneutics, 2020), propõese fazer isso mesmo. Com ele, Alberto Romele começa por sublinhar que uma abordagem hermenêutica, estritamente ontológica, aos problemas da interpretação que se levantam no contexto do digital não se constitui, por si só, como uma base sólida para uma reflexão aprofundada sobre o tema (ROMELE, 2020, p. 6). Tendo em mente as diferenças substanciais que existem entre os vários dispositivos e plataformas sob as quais o digital se fundamenta empiricamente, Romele considera que uma hermenêutica
This is an open access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution 4.0 International (CC BY 4.0), which permits reproduction, adaptation, and distribution provided the original author and source are credited. 1 A tradução de "mal-estar" pelo termo inglês "discontent" é aqui feita de acordo com a proposta de tradução que consta na Standard Edition of the Complete Psicological Works of Sigmund Freud, na qual o texto freudiano de 1930 Das Unbehagen in der Kultur é traduzido por Civilization and its Discontents (Freud, 1927-1931).
Marcos Antonio Alves 3É com grande prazer que apresentamos o Dossier "Filosofia e fenomenologia da técnica". Trata-se de uma coedição da Trans/Form/Ação e do Praxis: Centro de Filosofia, Política e Cultura, sediado na Universidade de Évora. A parceria foi firmada depois do processo avaliativo dos textos submetidos, percorrendo-se o processo de avaliação por pares duplo cega. Foram aprovados onze artigos e quatro resenhas, quase todos eles escritos em português de Portugal, com exceções de dois artigos, um escrito em espanhol e outro em português do Brasil. Seus autores também são, em sua maioria, afiliados a instituições luso-hispânicas.
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