Com base em dois estudos anteriores, esse trabalho busca situar o lugar ocupado pela criança de 0 a 6 anos nas políticas públicas e programas de âmbito federal, especialmente na área de educação, na segunda gestão do Governo Fernando Henrique Cardoso. Valendo de análise de documentos e registros administrativos oficiais, mostra inicialmente como é tímida e pouco articulada a ação da União dirigida a esse segmento etário. Numa segunda seção, aprofunda-se na questão do financiamento da educação infantil e os desafios para a implementação das metas do Plano Nacional de Educação para essa etapa da educação básica. Estimativas de demanda por creches e pré-escolas baseadas nas metas do PNE são apresentadas, bem como cenários de gastos necessários ao cumprimento dessas metas, desenhados com base em cálculos dos recursos previstos para o setor educacional, nas diferentes esferas de governo, segundo os mínimos constitucionais. As análises evidenciam a necessidade de implementação do princípio do regime de colaboração entre a União, os estados e os municípios, previsto na Constituição de 1988 e na LDB de 1996, para que a educação infantil alcance, na política pública, o lugar em que a legislação educacional já a reconhece.
Este trabalho propõe uma reflexão sobre a relação sujeito/informação/ conhecimento a partir das mudanças que impuseram à sociedade uma nova configuração, alterando, inclusive, as formas de acesso às informações e de produção de conhecimentos. A discussão aponta para as mudanças atuais ocorridas em todas as esferas da cultura, porém salienta e articula a evolução dos processos comunicacionais e os mecanismos de reprodução do sistema capitalista. Alguns elementos, como o tempo, o espaço e a memória social serão enfatizados, pois além de estarem no cerne das mudanças sociais provocadas pelo aparecimento das tecnologias de informação e comunicação, também são essenciais para a produção de sentidos, requerida para o ato de conhecer. Ao final da discussão, observa-se que a integração das mentes nas redes computacionais ainda não existe num tempo suficiente para que seus efeitos sobre a cultura possam ser devidamente dimensionados. Reconhece-se, contudo, que as redes podem ajudar em certas fases da produção do conhecimento, em especial na da coleta dos dados, pois sua velocidade agiliza esta etapa. Alerta-se, entretanto, para o fato de que a busca inicial requerida para a problematização do conhecimento, surge de perguntas e de significações dadas às respostas encontradas, as quais só ocorrem no sujeito.Palavras-chave: informação, conhecimento, sociedade da informação, tecnologias de informação e comunicação, cultura. A B S T R A C TThe text proposes a reflection about the relationship man-information-knowledge, since the changes which imposed a new societal configuration, altered even the forms of access to information and the production of knowledge. The discussion
ResumoO acesso e o uso da informação são questões relacionadas ao desenvolvimento humano em seus múltiplos aspectos. Percebe-se um diferencial entre as pessoas que têm acessibilidade aos meios de informação -uma pequena parcela da população -e as que não têm. Nesse sentido, as bibliotecas públicas, os telecentros ou, ainda, a articulação entre os dois organismos de informação são propostos com o objetivo de democratizar o acesso e o uso da informação junto às comunidades e segmentos sociais alijados da participação em sociedade. Essa é a reflexão, feita a partir da literatura e documentos sobre o objeto deste texto, com ênfase nos telecentros, visto que as bibliotecas públicas, historicamente, vêm sendo debatidas há muito tempo, enquanto que os telecentros são organismos emergentes e devem contar com políticas mais sólidas, para que não esbarrem nos mesmos entraves que impossibilitaram o sucesso daquelas. Iniciativas de comunidades, em particular, têm oferecido resultados otimistas nesse sentido. Palavras-chaveBiblioteca pública. Telecentro. Tecnologia de informação e comunicação. Inclusão social. Public libraries and the telecenters: information organisms to democratize and social inclusion AbstractBoth the access and the use of information are issues related to human development in its multiple aspects. There is a difference which can be noticed between people who have access to the means of information -a small percentage of the population -and those who do not. This way, the public libraries, the telecenters or still the articulation between these two information organisms are proposed with the objective to democratize the access and the use of information within communities and social segments which are currently excluded from participating in society. This is the reflection proposed, based on literature and documents on the object of this text, with emphasis on the telecenters, once the public libraries have been historically debated since long ago, whereas the telecenters are emergent organisms and should count with more solid policies not to come up against the same restraints which have impeded the success of the former. The initiatives of some communities, in particular, have provided optimistic results in this direction.
A compreensão do ato de ler é complexa e exige articulação com muitos aspectos lingüísticos, cognitivos, socioculturais imbricados no processo de construção de sentidos. Leitura tem caráter existencial, não é ato meramente técnico ou pragmático, esvaziado de sentidos. Em trabalho anterior 1 , elencamos alguns elementos que consideramos essenciais à prática da leitura, vista sob o prisma da significação. Podemos apresentá-los sem, contudo, aprofundarmos suas colocações, mas apenas para que introduzam nossas reflexões:1) Singularidade -a leitura particulariza o sujeito.2) Alteridade -a leitura colabora na construção do sujeito como um outro, sua maneira de se relacionar com o outro, e auxilia na formação de vínculos. 3) Identidade -a leitura possui papel fundamental na constituição da noção de pertencimento do sujeito ao grupo social. 4) Tempo -o tempo dedicado à leitura tem dimensão social e individual e significação para a constituição de uma forma particular de o sujeito significar o mundo. 5) Leitura e Classe Social -classes sociais distintas imputam diferentes valores à leitura. 6) Leitura, Informação e Conhecimento -leitura é ferramenta útil ao trabalho, ao desenvolvimento profissional, ao acesso à informação, à construção do conhecimento, portanto, ligada à questão econômica e à luta pela inserção social. 7) Instituições de Leitura -constituem elementos essenciais para a consolidação do leitor. 8) Espaço de Leitura -mostra a relação do leitor com os espaços e suas dimensões. Aqui nos deteremos. Espaço da Leitura é o fio condutor de nossa discussão, daqui em diante. Trata-se de categoria que vai articular espaço real e imaginário e apontar a ação do sujeito, que se expressa durante o ato de ler como parte da ordenação do seu mundo mental, sendo também maneira própria de modelar o mundo.Há uma correspondência entre ler num tempo e ler num espaço, intrínseca ao ato de ler. São comuns os testemunhos de leitores que falam dos lugares escolhidos para leitura, sendo muitos deles estranhos para alguns de nós.No começo da Idade Média eram comuns as reuniões em casas de autores, para leitura coletiva de suas criações. Eram lidas em voz alta. Reunir-se para
Neste artigo, analisam-se pressupostos, argumentos e consequências de pontos de vista divergentes sobre o cuidado e educação das crianças até os três anos de idade em creches. São problematizadas as posições de Tunes e Prestes (2019) desfavoráveis à educação dessas crianças em instituições sociais, visão que buscam fundamentar nas ideias e conceitos da psicologia histórico-cultural de Vigotski. Aqui se propõe a tratar dos conflitos e confrontos em relação à maternidade, ao trabalho feminino e à educação das crianças pequenas, no contexto social contemporâneo; a comentar estudos sobre interações de bebês com mães, outros adultos e pares; a discutir diferentes compreensões sobre os conceitos de Vigotski, argumentando-se a favor do compartilhamento do cuidado e educação da criança pelas famílias e instituições de Educação Infantil de qualidade, em razão das possibilidades de desenvolvimento que oferecem às crianças e pelo papel que ocupam na diminuição das desigualdades educacionais, sociais, bem como raciais e de gênero.
O artigo tem como objetivo colaborar com aqueles que pretendem avaliar ações de formação continuada de professores. Ou seja, verificar se determinada ação de formação contribuiu de alguma forma para o desenvolvimento do profissional e a melhoria da qualidade de sua atuação docente. O estudo baseia-se em trabalho de consultoria prestada pela autora, no período de 2013-2014, à Coordenação Geral de Educação Infantil (COEDI), do Ministério da Educação. Visava-se subsidiar aquela Coordenação na estruturação e avaliação das ações de formação continuada dos profissionais da educação infantil, desenvolvidas no âmbito da Secretaria de Educação Básica (SEB). Fazem-se considerações sobre concepções e práticas de avaliação de programas, em especial de experiências de formação continuada de professores da educação básica. Apresenta-se a proposta de avaliação externa da ação mais significativa de formação de professores de creches e pré-escolas então em desenvolvimento na SEB – o Curso de Especialização em Docência na Educação Infantil, implementado em parceria com 23 universidades federais. A proposta inclui indicações para as várias etapas da avaliação, como a identificação de perguntas ou questões para a avaliação, a definição de estratégias, critérios de amostragem e métodos de coleta e análise dos dados. Enfatiza-se a importância de envolver os interessados na avaliação ao longo do processo de identificação de perguntas ou questões, fazendo-o em duas fases: a divergente, em que várias possibilidades são levantadas, e a convergente, em que se selecionam aquelas mais relevantes e prioritárias.
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