Este artigo tem como objetivo explicar processos de desenvolvimento da subjetividade, a partir do movimento configuracional subjetivo em uma criança em sala de aula, considerando os processos que levaram à emergência de uma configuração subjetiva geradora do desenvolvimento subjetivo que, entre outras coisas, facilitou a aprendizagem. Para tanto, é apresentado um estudo de caso de um aluno do 1º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública de Brasília. O referencial teórico utilizado é o da Teoria da Subjetividade, em uma perspectiva cultural-histórica, juntamente com seu norte epistemológico e metodológico, constituído, respectivamente, pela Epistemologia Qualitativa e pelo método construtivo-interpretativo. Foram utilizados, como principais instrumentos, as dinâmicas conversacionais e as sessões interativas diversas, que geraram um espaço dialógico, relacional e subjetivo, com o intuito de acompanhar a expressão singular e diferenciada da criança em sala de aula. A configuração subjetiva do desenvolvimento que foi sendo gerada no curso da pesquisa permitiu compreender os diferentes posicionamentos do participante, que passou a ser ativo, que conquistou espaço na sala de aula e que se engajou nas atividades propostas, com significativo avanço em relação à aprendizagem da leitura e da escrita. Os resultados apontaram para um novo olhar em relação às dificuldades da aprendizagem, articulando simultaneamente as trajetórias únicas de vida, concepções, experiências e formas de sociabilidade como aspectos a serem considerados desde uma perspectiva complexa, para além das concepções estreitas, universalistas e deterministas sobre a criança e o seu desenvolvimento na escola. Fala-se, assim, em situar o processo de desenvolvimento dentro da trama de vida do aluno, e não fora dela.