ResumoÉ possível falar em violência em situações de conflito intersubjetivo nas quais não há a sua verbalização pelos envolvidos? Nas ciências humanas, depois do chamado linguistic turn [giro linguístico], tornou-se recorrente e mesmo hegemônica uma tendência de resposta negativa para esse tipo de questionamento. Reduzindo a matéria da realidade a sua dimensão exclusivamente simbólica, cientistas sociais deduziram que não há nada mais a dizer para além dos esquemas de interpretação mobilizados discursivamente pelos próprios atores, e que qualquer pretensão de interpretação adicional é uma "violência exercida sobre os atores". Em contraste com as interpretações acima, propõe-se uma outra possibilidade de leitura de aspectos não tematizados da violência, em que a relação entre "experiência" e "interpretação" é problematizada pela mediação das categorias "articulação" e "inarticulação". Neste artigo, aplica-se essa chave conceitual de interpretação sociológica na análise de dois casos empíricos de experiência de abuso sexual na infância e defende-se que podem ser melhor compreendidos como casos exemplares de "inarticulação linguística do sofrimento". Palavras-chave: Violência intrafamiliar. Abuso sexual. Inarticulação. Etnografia.
O Dossiê “A pandemia de Covid-19 na vida de mulheres” buscou reunir reflexões, análises teóricas, etnográficas e auto-etnográficas a fim de retratar questões específicas que abarcam as vidas das mulheres brasileiras diante de uma crise repentina que assola os serviços de saúde, o sistema educacional, a saúde física e mental, a economia - com seus modos de produção e consumo, a convivência familiar, as relações e condições de trabalho, as relações afetivas, a divisão sexual do trabalho, a liberdade, o deslocamento, os modos de vida e, sobretudo, as subjetividades.
A edição número 30 da Inter-Legere, Revista de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFRN, abre o ano de publicações em 2021 com um conjunto de artigos selecionados a partir da nossa política editorial de Fluxo Contínuo. Em face disto, temos recebido contribuições sobre pesquisas atuais cujos temas são diversos e os aportes teóricos nos convidam a um estimulante ritmo de leituras. Com o intuito de apresentar aos nossos leitores possíveis caminhos que podem contribuir na atualidade para compreendermos os problemas sociais do mundo contemporâneo, a presente edição da Revista Inter-Legere reúne um conjunto de artigos que estimulam a reflexão sobre os possíveis desdobramentos na teoria social contemporânea. Neste número, além deste editorial, publicamos 6 artigos livres e 2 resenhas.
A presente entrevista com a cientista política Flávia Biroli faz parte do Dossiê “A Pandemia da Covid-19 na vida das mulheres”. Tomamos como questão central qual o impacto mais imediato desta pandemia sobre a vida das mulheres? A partir dessa questão, as demais perguntas foram elaboradas de forma a aprofundar e debater alguns temas relacionados à desigualdade de gêneros em diferentes contextos como os processos de cuidado, as jornadas contínuas de trabalho, as experiências de violência vivenciadas e o que podemos prospectar em relação a um futuro pós-pandemia.
O convite para este debate me colocou de volta ao início de minha jornada como antropóloga, no ano de 2005, quando ainda na graduação em Ciências Sociais - período em que me lancei ao projeto de fazer uma etnografia comparada sobre o Movimento Okupa em Natal-RN, Porto Alegre-RS e Rio de Janeiro-RJ. Neste momento, havia em mim a curiosidade e o afinco pela pesquisa de campo e vivência okupa, eu me encontrava seduzida pelo conteúdo de protesto e exaltação do grupo e desejava saber mais. Para materializar meu desejo, por meio de um processo de mobilidade acadêmica, fui para Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde daria continuidade às disciplinas da graduação em ciências sociais ao mesmo tempo em que faria pesquisa de campo em Porto Alegre, que naquele momento se apresentava como um lugar em que havia no mínimo três okupas acontecendo.
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