O artigo analisa o trinômio comunicação, capitalismo e vigilância, recuperando as convergências estabelecidas entre esses elementos à luz das contribuições teóricometodológicas de Mattelart. Considera que o modelo de negócio das indústrias culturais já não explora somente o diagrama que envolve a produção, a circulação e o consumo midiáticos, somando-se a esses processos programações algorítmicas capazes de extrair dados em escala de seus usuários em prol da geração de novos produtos e serviços. Avalia o cruzamento entre os campos cultural, político, econômico e tecnológico nos processos midiáticos para criticar o contrato social imposto pelas empresas de tecnologia inseridas no contexto do capitalismo de vigilância.
In the ambit of Political Economy of Communication and Culture, the following article intends to problematize the convergence culture, comprising its complexity since the political, economic and social divergences that constitutes it. Therefore, it is offered a partial perspective of a “convergence society”. Four processes are especially explained, in order to make possible a critical diagnosis of the social rooting potential proposed by Information and Communication Technology (ICT) in our time: the vigilance systems, the convergence multiple processes, the participation culture and the concurrence among consolidated media.
O artigo analisa o trinômio comunicação, capitalismo e sistemas de vigilância no âmbito dos processos midiáticos, recuperando as relações estabelecidas entre esses elementos desde as contribuições teórico-metodológicas de Armand Mattelart. A partir de uma perspectiva crítica, posiciona o papel articulador do teórico belga para a pesquisa em comunicação, considerando que as indústrias culturais contemporâneas já não se estabelecem a partir do simples diagrama que onde produção, circulação e consumo estabelecem convergências. Na contemporaneidade, as mídias digitais estão circunscritas em um tecido social complexo, no qual os intercâmbios de informação têm sido mediados por forças que atuam no cruzamento dos campos cultural, político, econômico e tecnológico. Nas duas últimas décadas, o interesse de interpretar os conglomerados transnacionais de tecnologia conduziu Mattelart a considerar como as programações algorítmicas têm sido exploradas com o intuito de extrair dados em escala de seus usuários. Nesse sentido, acreditando que a leitura de Mattelart, aqui revisitada, oferece possibilidades de reflexão sobre a condição dos processos midiáticos, o artigo apresenta subsídios para uma crítica do contrato social que é imposto pelas empresas de tecnologia que circundam o capitalismo de vigilância.
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