Sequestro esplênico agudo em crianças com anemia falciformePrezado Editor, Com grande satisfação cumprimento os autores e o periódico pela publicação de "Sequestro esplênico agudo em coorte de crianças com anemia falciforme" 1 . Por se tratar de emergência médica, o tema é relevante para todos os que atuamos em pediatria geral. Outros méritos do trabalho são a apresentação de dados nacionais e, mais importante, como isso tem se dado no contexto da saúde pública em nosso país. Acho fundamental considerar esse aspecto, que influencia sobremaneira a boa prática da medicina.Ressalto que, em unidades de pronto-atendimento pediátrico, o diagnóstico do evento de sequestro esplênico agudo (SEA) nem sempre é alcançado com base na definição clássica apresentada no artigo -"aumento súbito do volume esplênico, associado à queda de pelo menos 2 g/dL na concentração de hemoglobina e reticulocitose". Alguns fatores contribuem para isso, como: 1) o fato de os familiares nem sempre portarem, na emergência, os relatórios com dados clínicos e hematológicos basais das crianças, emitidos pelos serviços de referência em hematologia; 2) a inexistência de prontuário médico informatizado acessível a todas as unidades de atendimento, o que poderia superar o problema anterior; e 3) a impossibilidade de contagem de reticulócitos em muitos laboratórios de emergência. Especificamente quanto ao item 3, os resultados da Tabela 1 do artigo referido sugerem que esta foi uma dificuldade também nos casos estudados por Rezende et al.: a hemoglobina foi medida em 80% (138/173) dos eventos de SEA, enquanto a contagem de reticulócitos se deu em apenas 14% (24/173) deles.Frente a essas limitações, o diagnóstico de SEA acaba sendo fechado com base em parâmetros clínicos, como esplenomegalia significativa, palidez intensa e descompensação hemodinâmica, além de evidência de anemia acentuada no hemograma. Disso decorrem algumas situações:-Os casos graves de SEA dificilmente passarão sem diagnóstico e serão tratados de forma adequada na emergência, com antecipação do retorno ao serviço de referência por ocasião da alta, para tomada de decisão quanto ao seguimento.-Esses critérios extremos são insuficientes para o diagnós-tico de casos leves de SEA. Na faixa etária mais sujeita ao evento, esplenomegalia, anemia e reticulocitose são próprias da doença de base, mesmo sem complicação. Se o pediatra da emergência não tiver acesso aos dados clínicos e hematológicos basais da criança, um quadro leve de SEA pode ser tomado como natural da doença de base, com possível exacerbação desencadeada por infecção, evento ao qual são mesmo mais sujeitos. Embora possa não comprometer a assistência na emergência, o subdiagnóstico, nessa situação, certamente resulta em seguimento inadequado da criança, que não será assistida dentro das opções possíveis -seja seguimento atento, programa de transfusões periódicas ou indicação de esplenectomia.-Há possibilidade de confusão diagnóstica entre SEA e crise de aplasia medular, caso não se proceda à contagem de reticulócitos na emergênc...
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