Este estudo teórico tem como objetivo problematizar como os discursos misóginos e antifeministas são produzidos e disseminados contemporaneamente no mundo digital. O conceito de masculinidade hegemônica é trazido à baila para problematizar as formações discursivas que se materializam através de ideias importadas de sites estrangeiros em plataformas digitais brasileiras. Destacamos o discurso misógino corrente em fóruns alinhados à nova Direita (alt-right), que tem se abrigado sob o termo guarda-chuva manosphere ("esfera masculina"), um conjunto de páginas on-line e redes sociais conectadas entre si por seu teor "ultramasculino". Identificamos um artifício alegórico - a RedPill (pílula vermelha), adotado na manosphere para nomear o processo pelo qual os homens/usuários finalmente tomam consciência da "realidade" da "ditadura feminista" que subjuga a masculinidade heterossexual. Com apoio do marco teórico dos estudos de gênero e estudos culturais propomos compreender esse fenômeno a partir da análise de mensagens de texto e posts extraídos do universo digital que buscam delimitar o "homem-de-verdade" em detrimento das masculinidades submissas (beta, como são chamadas as não dominantes). Conclui-se que no cenário digital os fluxos discursivos misóginos encontram um terreno fértil para proliferarem, engendrando práticas discursivas que convergem para o reforço da dominação masculina.
Resumo: Neste estudo teórico-reflexivo, nos propomos a investigar a construção de versões de masculinidades rurais a partir de uma leitura do romance Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. Para tanto, recorremos aos conceitos de masculinidade hegemônica, propostos por Connell, e performatividade, elaborado por Butler. A pesquisa percorre três eixos ordenadores: 1) uma breve exposição sobre as abordagens em masculinidades, resgatando sua gênese nas teorias feministas que inauguraram os estudos de gênero; 2) os processos de generificação na perspectiva da construção da masculinidade rural; 3) uma leitura da relação entre Riobaldo e Diadorim. Destacamos que gênero não se subsome a uma substância, embora reproduza efeitos substanciais, percebidos em distintas versões da masculinidade hegemônica performadas pelo bando de jagunços personificados na epopeia rosiana.
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