O artigo analisa o processo de expansão do Ensino Superior (ES) em Moçambique e a política do Estado para o seu financiamento. Em termos metodológicos, ele se baseia na análise de documentos oficiais do governo e das Instituições de Ensino Superior (IES). Os seus resultados evidenciam que houve uma significativa expansão do ES no país e que, se inicialmente o Estado se responsabilizava em financiar tal processo, paulatinamente foi-se eximindo de o fazer. Em consequência, as IES públicas se hibridizaram, tendo passado a atuar numa lógica público-privada, o que acabou se refletindo na manu-tenção de desigualdades regionais no acesso ao ES.
Com a independência e a consequente desvinculação de Moçambique do Estado português, surge a necessidade de se imaginar uma nova narrativa de nação que desse conteúdo e vida ao processo de construção de uma solidariedade nacional − uma comunidade de imaginação – ao jovem país. A Frente de Libertação de Moçambique assume o papel de elite nacionalista, função posta em discussão por este artigo, chamando a si o direito de definir o conteúdo daquilo que seria a nova narrativa de nação. Procuramos elucidar as controvérsias desta configuração do trabalho simbólico de construção de uma hegemonia política. Ou melhor, propomos analisar a forma como a elite frelimista fez uso do monopólio dos meios de comunicação como coerção simbólica, designadamente da edição e adoção de livros escolares da 4ª e 6ª classes, a fim de praticar o arbitrário cultural de uma autoimagem e sentimento de pertença à nação socialista moçambicana.
O artigo analisa a política da assimilação presente no pensamento social e político da elite dirigente intelectualizada, desde o período do Estado do Moçambique-Colônia (1930-1974) à revolução socialista dos anos 1977-90. Em termos teóricos, ele se sustenta na sociologia da modernização e da assimilação desenvolvendo uma discussão que sugere como a política da assimilação está sobremaneira presente no pensamento, tanto de Armindo Monteiro, Adriano Moreira e Joaquim da Silva Cunha; quanto no de Eduardo Mondlane, Aquino de Bragança e Sérgio Vieira, representantes nos períodos citados. Estes propunham um projeto de sociedade moçambicana que visava integrar todos os indivíduos, partindo de uma assunção moderna de homogeneização de particularismos étnicos, tribais, linguísticos e raciais. Tal proposição, contudo, acabava excluindo socialmente os segmentos objeto dessa integração em face de sua origem negro-africana e tradicional, o que acabava mostrando sua face perversa.
O artigo se propõe a compreender a construção da narrativa ambientalista global e o lugar que o continente africano nela ocupa. Para o efeito, analisa documentos produzidos pelas Nações Unidas e União Africana, entre 1972 e 2002, e que versam sobre a questão do desenvolvimento, natureza e meio ambiente. Os resultados da análise indicam que a dita narrativa obrigava os países a incorporarem a dimensão ambiental em suas políticas desenvolvimentistas. Dada a situação de pobreza dominante em África, contudo, o continente era encarado como incapaz de preservar a natureza, ao que deveria estar sob a tutela de países do norte-global. Sugeria-se que estes, por via da expansão de seu capital econômico e assistencialismo técnico, seriam capazes de eliminar a pobreza dos africanos e, consequentemente, os impediriam de agredir a natureza. Esta situação, contudo, conflitava com a agenda desenvolvimentista africana iniciada no pós-independência, e que via na exploração da natureza o caminho pelo qual alcançaria a sua emancipação econômica.
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