A concepção de currículo como campo de disputa não é nova, pois veio à tona, internacionalmente, nos anos de 1970 e, no Brasil, nos anos de 1980. Revelou-se, desde então, um importante balizador para a análise das relações de poder que envolvem os currículos. O próprio professor Miguel Arroyo contribuiu fortemente para o debate dessa época.Se o referido tema não é novo, qual é o acréscimo que traz o último livro de Arroyo, Currículo, território em disputa? O autor destaca que o currículo não é apenas território de disputas teóricas. Quem disputa vez nos currículos são os sujeitos da ação educativa: os docentes-educadores e os alunos-educandos. Os professores e alunos não se pensam apenas como ensinantes e aprendizes dos conhecimentos dos currículos, mas exigem ser reconhecidos como sujeitos de experiências sociais e de saberes que requerem ter vez no território dos currículos.Arroyo aponta ainda duas novidades: 1) o currículo ofi cial está cada vez mais pressionado pelos coletivos populares, que exigem o direito de ver suas narrativas também pronunciadas pela escola; 2) entretanto, esses coletivos, por sua vez, não lutam mais pela escolarização em si; aos poucos passaram a entender que o processo de sua afi rmação como sujeitos de direitos não se dá exclusivamente pela escola (promessa apregoada por muito tempo). Agora, a luta é por pertencimento social amplo, por acesso aos bens materiais e culturais, simbólicos e memoriais, na diversidade de espaços sociais, onde o direito à escola adquire outra relevância. Assim, os coletivos populares, embalados por um amplo movimento de afi rmação, inverteram a antiga lógica: articulam o seu direito à escola à conquista e ocupação de outros espaços e, com isso, pressionam o currículo ofi cial para incorporar o resultado de suas lutas.
RESUMO: O presente texto apresenta o argumento -na verdade, uma aposta -de que o cristianismo produziu as primeiras práticas de ensino no Ocidente e consolidou os primeiros contornos daquilo que podemos chamar discurso pedagógico, ou seja, o discurso hoje reconhecido como aquele que permite reunir alunos em um lugar específico sob a vigilância de um mestre, regidos por um conjunto de verdades resultantes de um conflito social. Esses contornos foram possíveis a partir de quatro procedimentos historicamente produzidos: o afastamento dos aprendizes das seduções pagãs ou da vida profana; a eliminação dos prazeres que o ensino das línguas latina e grega podia favorecer; o surgimento do humanismo e do contra-humanismo pedagógico; e a transformação do demônio no duplo do aprendiz. O conjunto desses procedimentos trouxe para a modernidade um arsenal de dispositivos educacionais (ou de possibilidades) que podem, ainda hoje, se atualizar na tarefa docente e na política educacional. Palavras-chave: Discurso Pedagógico; Discurso Religioso; Genealogia Foucaultiana.
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