O presente artigo tem por objetivo apresentar a análise crítica de André Gorz sobre o trabalho e a ecologia política a partir da centralidade que o conceito de racionalidade econômica no capitalismo adquire em seu pensamento. Para ele, a extensão ilimitada da racionalidade econômica ao trabalho e à natureza é considerada sem futuro do ponto de vista da sociedade. Gorz reconhece a íntima relação entre a crítica do capitalismo e a tarefa da ecologia política. Outro aspecto presente em sua obra, menos explorado, é a relação entre trabalho e crise ecológica. O capitalismo apropria-se do trabalho ou emprego não apenas para os seus interesses, mas também os transforma em instrumentos de destruição da natureza. Este paper objetiva também, fiel ao espírito do próprio Gorz, embora de maneira sucinta, indicar alguns horizontes alternativos.Palavras-chave: Gorz. Racionalidade econômica. Trabalho. Ecologia política. Capitalismo."Nós sabemos que o nosso modo de vida não tem futuro" (Gorz, 1978, p. 18). Essa sentença sobre a nossa civilização não foi pronunciada ontem, mas em meados da década de 70 do século passado. Ela revela uma análise aguda do nosso modo de produzir e de consumir, que moldou um estilo de vida e está se mostrando sem futuro. De lá para cá, ela, infelizmente, não apenas não foi desmentida, como está sendo confirmada pelas subsequentes pesquisas e pela observação de fenômenos naturais e sociais.O Relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) de 2007, órgão vinculado à Organização Mundial das Nações Unidas (ONU) e que reúne cientistas do mundo inteiro, somente vem confirmar o que já era perceptível a olho nu. Nele aparecem duas fortes evidências: a primeira, de que o aquecimento global é "inequívoco"; e a segunda, de que ele se deve à interferência humana. A ação humana sobre a Terra, no entanto, não se dá de forma direta, mas mediada por um sistema (o capitalismo), que privilegia uma determinada racionalidade (econômica, instrumental), com vistas a um optimum: a obtenção do máximo de lucro. O resultado é um círculo vicioso que implica a dominação da natureza e a exploração humana através da técnica e do trabalho.Por isso, na perspectiva de Gorz, a superação da presente crise só se dá pela críti-ca da racionalidade econômica, ou seja, pela crítica do capitalismo e do trabalho. Quanto a esse aspecto, o autor é considerado um pioneiro, por vincular uma crítica à outra. É preciso ressaltar que sua análise crítica do trabalho se situa numa perspectiva mais ampla, a qual envolve não apenas a economia, mas, fundamentalmente, a sociedade. O horizonte último de Gorz não é a economia, tampouco o capitalismo, mas a sociedade. Ele propugna uma inversão que coloque novamente a sociedade no centro e, portanto, as pessoas, seu "bem viver", a qualidade de vida e o pleno desenvolvimento de todas suas potencialidades. O ponto de chegada deve ser uma sociedade desalienada. Trata-se de um projeto de sociedade que implica também uma nova antropologia capaz de
O presente artigo tem por objetivo apresentar a análise crítica de André Gorz sobre o trabalho e a ecologia política a partir da centralidade que o conceito de racionalidade econômica no capitalismo adquire em seu pensamento. Para ele, a extensão ilimitada da racionalidade econômica ao trabalho e à natureza é considerada sem futuro do ponto de vista da sociedade. Gorz reconhece a íntima relação entre a crítica do capitalismo e a tarefa da ecologia política. Outro aspecto presente em sua obra, menos explorado, é a relação entre trabalho e crise ecológica. O capitalismo apropria-se do trabalho ou emprego não apenas para os seus interesses, mas também os transforma em instrumentos de destruição da natureza. Este paper objetiva também, fiel ao espírito do próprio Gorz, embora de maneira sucinta, indicar alguns horizontes alternativos.
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