Resumo Este texto investiga a intenção política do capítulo final da primeira edição de Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda (1936). Nesse intuito, examinando algumas referências explícita ou implicitamente ali presentes e seu contexto na argumentação do livro, fizemos uma reconstituição aproximativa do que constituiriam a especificidade local (brasileira ou “americana”, isto é, continental) e o conteúdo do conceito de revolução mobilizado no texto. Procuramos contribuir, assim, para uma melhor compreensão da posição de Sérgio Buarque de Holanda diante do pensamento autoritário dos anos 1930, bem como da inserção de Raízes do Brasil no debate modernista sobre a cultura brasileira.
Resumo Este artigo busca examinar a influência do romance A montanha mágica (1924) sobre o livro Raízes do Brasil (1936). Propõe-se que Sérgio Buarque se apropria do romance de Thomas Mann na montagem dos capítulos finais de seu ensaio, transpondo para o contexto da cultura brasileira os debates em que Lodovico Settembrini e Leo Naphta competem pela primazia na educação do protagonista Hans Castorp. Com isso, busca-se, além de demonstrar a hipótese da procedência romanesca de alguns aspectos da narrativa de Sérgio Buarque, situar a ideia de formação ou Bildung (em detrimento da política) no centro da discussão do livro.
Em Raízes do Brasil (1936), Sérgio Buarque de Holanda atribui à cultura ibérica o protagonismo exclusivo na gênese do estilo de vida e pensamento predominante no Brasil, sintetizado na imagem do “homem cordial”. Este ensaio argumenta que a cultura ibérica, tal como descrita no livro, não se conforma perfeitamente à dimensão intelectual da cordialidade. O “homem cordial” é reexaminado à luz das reflexões de Eduardo Viveiros de Castro sobre a “inconstância” tupinambá, no sentido de propor que certos traços dessa cultura tornam mais compreensível a análise que Sérgio Buarque faz da mentalidade brasileira. A pertinência da hipótese é demonstrada a partir do realce de mudanças ocorridas no texto entre suas duas primeiras edições (1936 e 1948), relacionadas à caracterização da cultura portuguesa e da sua interação com as culturas ameríndias, e de um exame daquilo que se poderia considerar uma inconstância do intelecto no capítulo “O homem cordial”, em cotejo com as leitura que Oswald de Andrade faz de Raízes num ensaio de 1950.
Resumo:Na autobiografia Minha formação, publicada em 1900, Joaquim Nabuco expõe em diversas passagens uma "instabilidade" entre o Brasil e a Europa, que é também uma oposição entre particular e universal, entre sentimento e pensamento. Este artigo procura analisar alguns desdobramentos do dilema, a fim de melhor compreender, por um lado, suas diversas configurações, dentro do livro, e, por outro, com o subsídio adicional de outras fontes, observar como o referido dilema se manifestou em certos momentos da trajetória do político, escritor e diplomata pernambucano. Na seção final, proponho que a questão seja encarada como um caso inserido numa problemática mais abrangente em torno do nexo entre subjetividade e formações mentais. Palavras-chave: Joaquim Nabuco, Mário de Andrade, literatura brasileira. Abstract:In an autobiography titled Minha formação, first published in 1900, Joaquim Nabuco exposes in numerous passages an "instability" between Brazil and Europe, which also accounts for the opposition between the particular and the universal, as well as that between feeling and thought. This article aims to analyse various developments of the dilemma, aiming to better understand, on the one hand, different forms of what Nabuco describes in the book and, on the other hand, with the aid of fonts apart from the book, observe how the aforementioned dilemma unfolds in certain moments over the course of the author's life. In the final section, the reader shall find an interpretation of the theme as a particular case of a broader problem concerning the nexus between subjectivity and mental constructs.
Em sua autobiografia Minha formação, Joaquim Nabuco emprega metáforas como vetores de construção de sentido para a vida autobiografada, assim como para a realidade na qual ela se desenrola. Neste trabalho, analiso o conjunto das ocorrências de metáforas edênicas no livro. Parte-se do entendimento de Hans Blumenberg e Luiz Costa Lima de que o metafórico não é, conforme o entendimento mais convencional, um aspecto ornamental da linguagem, mas um eixo que complementa as carências do conceitual na comunicação humana. Procede-se, em seguida, à análise de passagens onde aparece a metáfora edênica na autobiografia de Nabuco, na tentativa de compreender como suas formas e mecanismos variam dentro de uma mesma obra literária, defendendo, ainda, o seu caráter propedêutico na produção de interpretações sociológicas sobre a história do Brasil.
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