Resumo: O texto apresenta esboços de construção de uma Poética, cuja finalidade é a realização de uma Re-Visão, em cinco momentos-chave, do Teatro Brasileiro. Para tal, busca-se estabelecer uma cena de origem, delineada a partir do encontro - impregnado de atração e repulsa - que se dá no Brasil Colônia, a partir do Século XVI, entre as civilizações ameríndia e europeia. Duas metafísicas e formas de expressão, com isso, formam a base intensiva e panteatral de uma Poética que projeta noções de teatro brasileiro em estado constante de lutas de perspectivas, simbolizadas, em suas origens, por duas bocas antropofágicas entredevorantes: a eucarística cristã mercantilista e a cosmopolítica ameríndia.
Aborda-se, aqui, a pesquisa e desenvolvimento de uma dramaturgia do ritmo, enredada nas tessituras transdisciplinares das criações [título do espetáculo removido para avaliação] e [título do espetáculo removido para avaliação]. De caráter prático-teórico, no campo poético entre a dança, o desenho, a arte sonora e a cenografia digital, a pesquisa partiu da vivência orgânica e imagética do corpo que dança em meio às forças geradas no encontro vibracional do ritmo sonoro com o ritmo motriz – na zona de contato com cosmologias animistas africanas, afro-americanas e afro-ameríndias brasileiras. Diferentemente do antropocentrismo, o cerne do animismo não seria o homem mas a sociabilidade entre todos os seres – na qual o ritmo é um elemento primordial das relações. Por meio do entrelaçamento de práticas artísticas contemporâneas com a multiplicidade de agenciamentos e alteridades que caracterizam o animismo, buscou-se trabalhar transdisciplinarmente uma dramaturgia do ritmo, envolvendo práticas e circuitos diversos. Desta forma, mediante a interlocução de saberes animistas na gênese da criação artística, foi elaborada uma perspectiva decolonial do ritmo no campo expandido da arte.
A resenha de André Gardel sobre A mulher do fuzileiro é prova concreta do valor da honestidade intelectual. Ao percorrer os diferentes contos da coletânea de Álvaro Marins, o analista leva a cabo um comparatismo interno em que várias composições despontam como irretocáveis, enquanto umas poucas se veem merecedoras de lapidação. Entre outras vantagens, a franqueza legitima a afirmativa do lugar especial ocupado pela obra em nossa contemporaneidade literária e nos estimula a ler todas as narrativas, de modo a nos irmanarmos ao ficcionista e ao analista no fascinante exercício dos sensos crítico e estético.
Releitura das crônicas esportivas de Nelson Rodrigues sob a perspectiva da lírica grega arcaica e do universo épico homérico, manifestações nas quais mito e realidade interagem, produzindo influxos dram áticos pré-teatrais. A visão do cronista, deslocada pelo som, dá foros de rito ao fenômeno futebolístico, buscando a aparição divina, sublime ou abjeta, no seio do presente, por meio do desnudamento íntimo em situação pública.
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