Uma das principais questões que tem impulsionado o debate sobre a Ditadura Civil-Militar (1964-1985) nessas duas primeiras décadas do século XXI, é a problematização que envolve o papel de setores sociais (indivíduos, instituições e coletividades) e suas vivências em tempos sombrios. Para além dos apoiadores e dos resistentes, dos algozes e das vítimas, dos torturadores e guerrilheiros, reivindica-se investigar como parcelas significativas, independentemente de suas posições na pirâmide social, relacionaram-se com o autoritarismo. Tendo o período da Ditadura como recorte, o futebol como tema, a Copa do Mundo de 1970 e os folhetos de cordel como objeto e fonte, este artigo analisa e exemplifica, a partir dos conceitos de consenso e consentimento, como foram complexas as relações de poetas brasileiros com o regime de exceção, particularmente no evento-chave mencionado.Palavras-chave: Ditadura. Futebol. Cordel. Copa de 1970.
Sob a perspectiva preponderante do conceito de “trabalhos da memória”, de Elizabeth Jelin, em diálogo com “lugares de memória”, de Pierre Nora, e levantando questões sobre a pertinência ou não da categoria “memória coletiva”, de Maurice Halbwachs, este artigo problematiza os desafios de analisarmos e compreendermos um episódio recente que envolveu o livro infantojuvenil Meninos sem Pátria, de Luiz Puntel, obra acusada, em 2018, por pais de alunos de um tradicional colégio do Rio de Janeiro, de fazer apologia ao comunismo e de tentar doutrinar as crianças. Nesse sentido, temos como principal objetivo analisar criticamente o conteúdo da obra - como fonte e objeto -, tanto no campo da literatura de ficção, de testemunho e sua relação com as memórias e a história. Como resultado, constata-se na referida narrativa a presença recorrente de “veículos de memória” e, questiona-se, se os protestos ideológicos contra o livro estavam ancorados em alguma análise crítica.
O artigo analisa a partir de uma abordagem interdisciplinar o romance As meninas de Lygia Fagundes Telles, publicado em 1973 e premiado no ano seguinte. Escrito por autores que dialogam com a Antropologia, a História e a Literatura, o presente texto problematiza questões sensíveis que dizem respeito ao debate sobre realidade, ficção e imaginação, passando pela discussão sobre o estatuto de documento das obras literárias e a presença da Literatura no contexto da Ditadura Civil-Militar no Brasil (1964-1985), especialmente após o Ato Institucional n.5, decretado em dezembro de 1968, que deu início à fase mais dura do período, conhecido como Anos de Chumbo. Na sequência, perfis das características de cada personagem são apresentados objetivando uma melhor análise entre os leitores que ainda não tiveram contato com a obra em tela. Por fim, mergulha no cotidiano estudantil através das personagens construídas por Lygia Fagundes Telles.
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