Este artigo tem como objetivo discutir e desenvolver os conceitos de ‘autor global’ e ‘autoria global’ a partir de obras dos escritores Salman Rushdie e Elena Ferrante. Pretendemos definir as bases e princípios do que faz de um escritor um autor global, qual é a importância da participação desses autores no cenário contemporâneo de debate da obra e fazer uma reflexão sobre o cânone num contexto literário globalizado. De maneira mais específica, procuramos apontar o que faz de Salman Rushdie e Elena Ferrante autores dessa categoria. A hipótese desenvolvida é a de que os autores globais devem ser autores vivos, cuja obra e persona circulam no universo literário transnacional, participando ativamente das discussões em torno de sua obra e provando, constantemente, por meio de intervenções públicas e discussões nos meios de comunicação de massa, sua relevância global. Dessa forma, desafiamos a ideia de que um cânone literário mundial, baseado exclusivamente na qualidade literária de seus autores, ainda pode ser sustentada no cenário global. Nesse contexto, os autores Salman Rushdie, a partir do lançamento de seu livro Os versos satânicos (1988), e Elena Ferrante, a partir de sua tetralogia napolitana, para além de suas qualidades literárias, podem ser pensados como autores e agentes de questões políticas e ideológicas no mundo contemporâneo globalizado, características essas necessárias para fazer parte da condição de autores globais.
Este artigo procura apresentar o pensamento de Nadine Gordimer acerca do papel que a população branca sul-africana poderia desempenhar quando as nações africanas, incluindo o seu próprio país, se tornassem independentes das potências coloniais europeias. Com base em duas produções ficcionais da autora e dois de seus ensaios mais conhecidos, procuro investigar a questão delineada anteriormente por meio da análise de como essa tese se desenvolveu na obra da autora num intervalo de quarenta anos de sua carreira. Estas reflexões buscam contextualizar a questão étnico-racial específica da África do Sul enquanto cenário ficcional e biográfico de Nadine Gordimer bem como expandir a questão para os debates identitários contemporâneos.
Este artigo, de autoria do antropólogo sul-africano Archie Mafeje, foi publicado pela primeira vez em 1971 e está sendo traduzido no Brasil pela primeira vez. No artigo, Mafeje analisa o uso dos conceitos de “tribo” e “tribalismo” nas ciências sociais e na antropologia por estudiosos que pesquisam o continente africano. O objetivo de Mafeje é demonstrar que, nesse contexto, os dois termos têm por base uma abordagem ideológica de extração europeia e seu uso continuado no século XX representa um anacronismo conceitual. A tradução é de Anderson Bastos Martins (Universidade Federal de Juiz de Fora).
This paper reads Salman Rushdie’s Midnight’s Children (1981) alongside Michael Hardt and Antonio Negri’s Multitude: War and Democracy in the Age of Empire (2004) in an attempt to enter the discussion presented by the latter authors that the multitude requires the existence of a new Rabelais who can capture its revolutionary monstrosity in action towards a new sense of democracy.
ABSTRACT. This essay looks into two different approaches to autobiography as an instrument of critical reading of literary texts. Firstly, one will examine how the typology of autofiction established by Vincent Colonna may be of use in an analysis of the way Salman Rushdie has brought his own biography into his novel Midnight's Children in an attempt to address both his Indian-based readers and the community of diasporic Indians and postcolonial critics living overseas. Secondly, the concept of the literary self-portrait, developed by Michel Beaujour, will be employed as a reading tool in an analysis of how V. S. Naipaul's autobiography has served the writer as a starting point in his metafictionalization of his own writing career.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.