Este artigo tem por objetivo debater acerca dos sentidos da história com base no conceito de consciência histórica de Jörn Rüsen. De acordo com Rüsen, os seres humanos precisam interpretar o mundo ao seu redor e a si mesmos na relação com os outros para poder viver. E eles o fazem por meio da formação de sentido, na qual a interpretação sobre a experiência temporal pode ser mobilizada de modo a entender o presente e projetar o futuro. Neste sentido, o ensino de história adquire valor essencial, pois o conhecimento sobre o passado atua como um fator de orientação temporal na vida prática. A partir desta premissa, 82 alunos do Ensino Médio da cidade de Guarapuava/PR, foram interrogados a respeito das suas concepções de história. Com base na análise das narrativas obtidas concluiu-se que a concepção de história dos participantes permanece ainda ancorada em uma ideia de história responsável pelo estudo do passado e sem nenhum tipo de vínculo com questões presentes ou futuras. Por mais que estes alunos estão constantemente mobilizando saberes provenientes de sua experiência temporal, a maioria deles não percebe os sentidos da história na sua vida prática.
O presente artigo propõe debater acerca das teorias da aprendizagem behaviorista, cognitivista e construtivista à luz da Educação Histórica. Enquanto as teorias psicológicas buscam explicar a aprendizagem histórica a partir da cognição ou de preceitos associacionistas, a Educação Histórica, enquanto campo de pesquisa, remete a aprendizagem à própria epistemologia da História. A partir desta perspectiva, o ensino de História deixa de ser validado pela quantidade de informações que o aluno é capaz de reter e passa a objetivar a progressão do pensamento histórico e o desenvolvimento da literacia histórica dos alunos. Neste sentido, a relação que os alunos estabelecem com os conceitos e categorias vinculados à racionalidade histórica assumem relevância para formação de sujeitos capazes de vincular a experiência do tempo à sua própria subjetividade, dotando-a de significância e usos para sua vida prática.
Este trabalho visa realizar, através da obra Viagem pelo Brasil: 1817-1820, de Spix e Martius, uma análise sobre estes viajantes do século XIX. Ainda imbuídos do espírito iluminista, estes naturalistas buscavam descrever na sua totalidade o que viam. A natureza neste relato é analisada como fonte de riquezas científicas e econômicas, mas se estabelece também uma afinidade afetiva, típica do Naturgefühl. Este fato, juntamente com a influência que Humboldt teve nos jovens naturalistas, ratifica como a dimensão romântica presente no relato evidencia a intenção dos autores em ligar a ciência à poesia. O estilo científico e poético inaugurado por Humboldt nasce do anseio de alcançar a compreensão total da natureza. Para estes viajantes de inspiração romântica a potência e a grandiosidade do mundo natural só conseguiria ser compreendida através da comunhão entre a ciência e a estética.
Essa pesquisa analisa como o fascismo italiano é abordado nos materiais didáticos. São analisados aqui dois livros didáticos, História Global de Gilberto Cotrim e História de Ronaldo Vainfas, Sheila Faria, Jorge Ferreira e Georgina dos Santos. O objetivo desta pesquisa consiste em compreender a concepção de História e Ensino de História dos autores a partir da narrativa elaborada sobre o fascismo. Os principais aspectos observados para nortear a análise foram a natureza da narrativa histórica, os sujeitos históricos apontados no texto, a presença ou ausência da pluralidade de interpretações históricas e a relação presente/passado. Nos livros abordados a disciplina escolar História ainda é pensada como a ciência que se ocupa dos fatos passados e, portanto, desvinculados do presente. Os fatos são organizados de forma linear seguindo a ordem de causas e conseqüências. A concepção de Ensino, observada nos capítulos analisados, não remete a construção do conhecimento em sala de aula, mas somente a transmissão de dados. A narrativa histórica é dada como pronta, não apresenta espaço para discutir outras interpretações históricas possíveis do mesmo tema.
Este artigo tem por objetivo discutir a respeito do conceito de biodemocracia desenvolvido por Cassiano Ricardo na obra Marcha para Oeste: A influência da “Bandeira” na formação social e política do Brasil. É nesta obra que o autor formula suas ideias a respeito da existência de uma democracia racial tipicamente brasileira, pautada pela convivência harmoniosa entre as três raças (indígena, negra e branca). Em um momento em que o Estado Novo se encontrava envolvido em um projeto civilizatório rumo ao oeste, Cassiano por meio da simbologia bandeirante buscou tecer analogias com a sociedade brasileira de sua contemporaneidade. As bandeiras, nesta conjectura, são apropriadas de modo a propagar um legado glorioso do passado nacional assim como impulsionar e legitimar um projeto no presente.
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