A expansão urbana e a densificação desordenada nas cidades, associadas a um sistema de drenagem urbano ineficiente, tem provocado mudanças no ciclo hidrológico, acentuadas por fatores como impermeabilização do solo, descarte inadequado de resíduos sólidos e canalização do escoamento. Todos esses fatores contribuem para uma drástica alteração da paisagem urbana, a exemplo da canalização e do encapsulamento de rios que perderam sua identidade e sucumbiram a um urbanismo predatório. Com foco na modernização dos sistemas de drenagem e na redução de tais impactos, surge uma abordagem sustentável que busca incorporar aspectos da resiliência. Este artigo propõe discutir criticamente a relação da cidade de Salvador e seus rios, analisando a lógica subjacente à drenagem urbana e a logica que subjaz o processo de concepção do planejamento urbano.
O presente artigo tem como objetivo analisar a participação popular no que diz respeito aos planos diretores, trazendo como exemplo o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) de Salvador, na Bahia. Seu propósito é correlacionar a participação social das audiências públicas na efetivação do instrumento ZEIS com os efeitos da segregação socioespacial, analisando suas complexas relações no espaço e sociedade. A discussão é voltada para a análise das posições sociais e o espaço, seus impasses na questão da apropriação e nas suas interações. Deste modo, é possível investigar a eficácia da participação popular e as possibilidades de restituição do cenário social, tornando evidente problemáticas que envolvem os movimentos sociais. A metodologia de trabalho consiste em consultas bibliográficas, análise de documentos oficiais (como as atas das audiências públicas realizadas pela Prefeitura) e entrevistas com atores sociais de entidades e movimentos sociais que participaram da discussão do PDDU.
Este artigo, resultante de uma dissertação de mestrado, tem como objetivo analisar as transformações provocadas pelo comércio informal ocorridas no espaço público, especificamente na Praça do Caranguejo, município de Lauro de Freitas/BA, área central no bairro que propiciou seu crescimento demográfico e consolidação comercial. A pesquisa de abordagem qualitativa, baseou-se na percepção dos residentes no entorno da praça, com a aplicação de 266 questionários. A falta de segurança, conservação e equipamentos de lazer, constituíram-se os principais fatores que acarretaram a diminuição da presença dos moradores na praça. Compreender a percepção dos residentes frequentadores e não frequentadores sobre a praça, permitiu apontar caminhos para o seu resgate como símbolo cultural, histórico, de lazer e entretenimento em um bairro periférico
As cidades cresceram e com o passar do tempo surgiu a necessidade de organizar os espaços urbanos destinadas a ordenar o desenvolvimento e as construções de modo a atender requisitos de salubridade, segurança e habitabilidade, além de observar os seus possíveis impactos no entorno. Entretanto, o urbanismo enquanto disciplina é um produto resultante da Revolução Industrial, que provocou mudanças contundentes de ordem social, econômica e cultural, consubstanciadas no espaço urbano. Esse espaço urbano, produto da modernidade, se revela complexo. Sua multiplicidade de sentidos e significados atribuídos à intricada rede de ações, acontecimentos e atividades que se desenrolam no seu interior o caracteriza como um espaço “[...] fragmentado e articulado, reflexo e condicionante social, um conjunto de símbolos e campo de lutas. É assim a própria sociedade em uma de suas dimensões, aquela mais aparente, materializada nas formas espaciais” (CORREA, 1989, p. 7)
A Revolução Industrial, do século XIX, transformou a produção de bens e o consumo no motriz da sociedade capitalista, tendo a cidade como palco de suas realizações. O novo espaço urbano contemporâneo é moldado sob a pressão do capitalismo e suas vertentes econômicas, políticas e ideológicas, onde a questão da moradia torna-se fator primordial de distinção entre classes. Castells (1983) afirma que a grande massa de operários que compunham a classe social mais pobre buscava no meio urbano a oportunidade de vida, contudo, não tinha o poder político nem econômico para escolher ou exigir qualidade. Logo, acabavam sendo limitados aos guetos ou periferias.
A moradia, necessidade fundamental à vida, é um direito reconhecido desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Posteriormente, no âmbito do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1965, teve seu conceito ampliado considerando o direto à moradia “[...] como complemento essencial ao direito a um padrão de vida adequado para todos os seres humanos” (ROLNIK, 2011, p. 37). Portanto, uma moradia adequada é entendida além dos aspectos físicos da habitação, englobando também os direitos econômicos, sociais e culturais, além do direito à cidade.
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