Nos quarenta dias em que esteve no Ceará a serviço da Estrada de Ferro de Baturité, Francisco Saturnino Rodrigues de Brito mapeou o território e relatou seu parecer sobre o melhor percurso para o prolongamento dessa ferrovia, que deveria atravessar as terras cearenses e chegar até as margens do rio São Francisco, em Pernambuco. Nessa documentação, o engenheiro, convencido de sua obrigação para com a pátria brasileira e o progresso do país, definiu as marcas para a produção de um território moderno, que aliasse o Ceará à rapidez e eficiência dos moldes europeus ocidentais. Suas colocações, via de regra, apresentaram um olhar preconceituoso sobre a realidade observada, classificando o diferente como desigual e inferior. Trata-se de farta documentação a partir da qual é possível refletir sobre os projetos de modernização para o Brasil do final do século XIX e início do XX.
Resumo: O artigo estuda a disseminação de epidemias ocorridas durante a construção da Estrada de Ferro de Baturité, no Ceará (sobretudo a epidemia de varíola em 1878-1879 e 1915-1916), para entender em que medida a aglomeração de pessoas nos acampamentos das frentes de trabalho, a propagação da peste, juntamente às secas, se constituíram numa tragédia para milhares de camponeses pobres. E em que medida os trabalhadores da ferrovia experimentaram o medo e a própria epidemia nesse período.
Este artigo analisa a introdução do capitalismo no Ceará a partir da construção da Estrada de Ferro de Baturité, no final do século XIX e início do XX. O foco do estudo está na implantação de um projeto de modernização para o país, estreitamente relacionado com a expansão do capitalismo através da exportação do capital, que consistia no estabelecimento de relações econômicas que garantissem o investimento de capital externo (inglês) na realização de grandes obras, notadamente a construção de estradas de ferro. Este processo foi modificador das relações estabelecidas nesse espaço, que foi alterado a serviço das novas imposições e/ou melhoramentos, imprescindíveis aos Estados e nações que pretendiam se vincular aos ritmos do progresso europeu ocidental, e da própria percepção e compreensão do tempo. Assim, demonstrou-se aqui como o espaço cearense foi modificado a serviço de um tempo, o tempo dos melhoramentos, o tempo da circulação de mercadorias, o tempo do capitalismo.
Este artigo analisa a estratégia do manual didático de estudos sociais das edições Michalany, de 1973, de destituição da História e seus pressupostos em favor dos Estudos Sociais de Moral e Civismo, que terminou por argumentar que a Ditatura Civil-militar vigente se tratava, na verdade, de uma experiência democrática. Como também perceber o destaque para a definição de papeis sociais apresentada nesse manual - e outros documentos educacionais instituídos pela Ditadura no Brasil com a perspectiva de uma educação moral e cívica - no lugar de História e Geografia, como estratégia para resguardar os princípios democráticos na população brasileira em idade escolar, entre 1964 e 1985. Como fontes, foram utilizados o Curso de Estudos Sociais Integrados (para o primeiro grau), de Douglas Michalany, e a Contribuição para o desenvolvimento de Educação Moral e Cívica e de Organização Social e Política no Brasil nos currículos de 1° e 2° graus.
Bolsista Produtividade -BPI, apoio financeiro Funcap, Projeto Ceará de Papel: cartografias, computadores e pesquisa histórica.Resumo: Este artigo analisa a tentativa de produção de um Estado moderno a partir da produção de estradas retas ou de uma articulação do espaço em questão, o território cearense, ao tempo moderno de nações ditas civilizadas no final do século XIX e início do XX. Aqui, importou refletir em torno das discussões empreendidas em documentos produzidos pelos poderes públicos, como os relatórios de Presidente de Província do Ceará, nos quais é possível perceber o esforço de modernização da província, mas também Relatórios de engenheiros, artigos de jornais que circulavam na referida província e memórias escritas de Rodolfo Theófilo, conhecido intelectual cearense. Neste estudo, foi enfatizado o caminho em que, mais tarde, seria implantada a Estrada de Ferro de Baturité, mesmo porque a análise do projeto dessa ferrovia, enquanto instrumento de modernização do Ceará (ou de invenção do Ceará em linha reta), é central para esta reflexão. Dessa forma, este trabalho evidencia como a administração pública e outros sujeitos (entre eles, engenheiros e intelectuais) recomendaram um projeto modernizador do território da província do Ceará com a construção de caminhos de chão e ferro.Palavras-chave: história, modernização, espaço, tempo, ferrovia.Abstract: This article discusses the attempt to produce a modern state based on the construction of straight roads or on a networking of the space in question, Ceará's territory, with the modern time of so-called civilized nations in the late 19 th and early 20 th century. The article reflects on the discussions undertaken in documents produced by public authorities, such as the reports of the president of the province of Ceará, where one can see the efforts made to modernize the province, but also reports of engineers, newspaper stories that circulated in that province and the memoirs of Rodolfo Theófilo, a well-known intellectual of Ceará. This study emphasizes the path on which the Baturité Railroad was later built, also because the analysis of the railroad project, as an instrument for Ceará's modernization (or the invention of Ceará in a straight line), is central to this reflection. Thus, this work shows how the public administration and other subjects (including engineers and intellectuals) recommended a project for the modernization of the territory of the province with the construction of roads and railways.Keywords: history, modernization, space, time, railroad.Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados.
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