A proposta da Estratégia de Saúde da Família (ESF) privilegia ações de promoção à saúde, desenvolvidas pela equipe de profissionais junto com a comunidade. Na imanência desse coletivo, encontramos linhas disparadoras de processos reflexivos que podem liberar a produção de um saber-fazer criativo. Neste sentido, a inserção da psicologia nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) pode contribuir para a efetivação de uma clínica ampliada na rede básica, crítica aos modelos ditos saudáveis, na maioria das vezes ortopédicos e modeladores, aberta a experimentações e ocupada em religar clínica-política-produção de modos de vida. Neste artigo problematizamos algumas demandas dirigidas à psicóloga integrante do NASF pelas equipes da ESF, sua produção e implicações ético-políticas para o exercício da clínica e processos de subjetivação resultantes. Trata-se de um estudo de caso que buscou percorrer e mapear nos discursos possíveis interlocuções e agenciamentos, cujas expressões são traduzidas como demanda para os profissionais da saúde. Em muitos casos, tais enunciados exprimem considerações morais, formas idealizadas de saúde e bem-estar. Apostamos que a construção da clínica é produto de um coletivo desejante, capaz de resistir aos mecanismos de captura e disciplinarização da vida. Este trabalho propõe que, a partir das provocações do cotidiano, a equipe dialogue, questione e se fortaleça, para afirmar formas de existir saudáveis e livres de padrões preestabelecidos.
É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto na sua forma impressa como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano da tese/dissertação. traçados, se movimenta entre linhas, sustenta problemáticas; nela, somos pesquisadores in-mundos, nos infectamos, nos misturamos, sempre implicados e em produção com os mundos pesquisados. Mesmo sendo uma aposta de governo, tensionamentos e conflitos acontecem no cotidiano, relacionados a diferentes prioridades, agendas, quebra de acordos, interrupção de projetos. As produções do apoio vêm fomentando conexões entre os serviços, contribuindo com o matriciamento de saúde mental e de outras especialidades na atenção básica e entre os trabalhadores da atenção especializada, fortalecendo redes, estimulando análises coletivas sobre o cuidado, criando estratégias e ferramentas, transformações em fluxos e na regulação. O apoio não é função somente do apoiador, pode ser agenciado por variados atores. Por fim, a auto-análise, quando acontece, potencializa o apoio como dispositivo, provisório, ativador de processos e de protagonismo coletivo.
RESUMO -Este artigo contextualiza o surgimento e a consolidação da Psicologia como ciência no período da modernidade e as repercussões do pensamento dessa época para o modelo e a prática psicológicos. Apresenta também as características da pós-modernidade e da subjetividade contemporânea a partir de uma perspectiva complexa, que redimensiona a visão clássica e propõe uma racionalidade diversa para a compreensão dos seres vivos. Baseando-se no pensamento complexo, aborda o movimento da abordagem integrativa em psicologia clínica, considerando-a uma expressão de importantes questionamentos no interior da Psicologia.Palavras-chave: abordagem integrativa; psicoterapia; pensamento complexo; pós-modernidade.Integrative Approach: Re-Territorialization of Clinical Knowledge?ABSTRACT -This article deals with the context of appearance and consolidation of Psychology as a science in the modernity age, and the repercussion of its ways of thinking into psychological theory and practices. It also shows the posmodernity characteristics and the contemporaneous subjectivity from a complex perspective, that rethink the classic view and suggests a diverse rationality for the being's understanding. Based on the complex thought, this paper deals with the movement of the integrative approach in clinic psychology, as an expression of important questionings inside psychology nowadays.Key words: integrative theory; psychotherapy; complex thought; pos-modernity.Tais pensadores antecederam Wundt (1832-1920), considerado pai da psicologia moderna.Filósofo e matemático, Herbart (1776-1841) tentou aplicar a matemática ao estudo da vida psíquica com o objetivo de representar os processos mentais sob a forma de modelos formais. Afirmava a possibilidade de uma psicologia matemática baseada nos princípios da física clássica. Weber (1795-1878), fisiólogo e anatomista, dedicou-se aos estudos sobre as sensações tatéis e visuais, nos quais obteve medidas precisas relativas à diferenças na intensidade objetiva de um estímulo e a sensação percebida destas diferenças, ultrapassando o domínio fisiológico em direção à psicologia. Fechner (1801-1887) expandiu o trabalho experimental de Weber, concebendo uma nova ciência, a psicofísica, que trata das relações funcionais entre o mundo físico e o psíquico (Figueiredo, 1991(Figueiredo, /1995Marx & Hillix, 1963/1978Wertheimer 1970Wertheimer /1991.Formado em medicina e fisiologia, Wundt fundou em 1879 o primeiro laboratório de estudos psicológicos na Universidade de Leipzig, Alemanha. Para Wundt, a psicologia era uma ciência da consciência e seu objeto o estudo da experiência imediata, composta por eventos ou processos interligados (Wertheimer, 1970(Wertheimer, /1991 Psicologia e Modernidade: Marcas de um PercursoPara compreendermos as noções de homem transmitidas pela psicologia e a própria prática psicológica, é necessário um breve retorno ao momento de constituição desta disciplina enquanto ciência.O cenário de aparecimento da psicologia (meados do século XIX) estava dominado pelo ideal positivista de ciênc...
Introdução: a Política Nacional de Humanização (PNH) aposta na transversalidade das práticas de atenção e de gestão do Sistema Único de Saúde, no combate ao desgaste do campo da saúde, em tensão com os interesses do capitalismo, que submete o cuidado aos cálculos do custo e do lucro. Sob tal lógica materialista, muitas vezes a relação entre trabalhador e usuário foi se consolidando de modo hierarquizado, uma ação sobre o outro, esvaziada de interesse numa escuta singular. o trabalho em saúde, permeado por segmentações entre saberes e práticas, contribui para reforçar o distanciamento entre profissionais e a abordagem reducionista do usuário, geralmente "fatiado" dentro dos serviços. Estes ingredientes contribuem para um cuidado precário, alheio à autonomia do usuário. a PNH propõe a transformação das relações, a criação de modos de interação abertos ao encontro com a diferença, aos interesses e singularidades capazes de potencializar o protagonismo e a pactuação do cuidado. Esta criação no terreno da micropolítica dos serviços pode colaborar para relações comprometidas com a coresponsabilização entre trabalhadores e usuários, desfazendo a verticalidade das ações e orientações prescritivas. no lugar do poder sobre o outro, a expressão de múltiplas vozes, com espaço para produções vivas de governabilidade. Neste sentido, a política de humanização investe em atitudes ético-estético-políticas que possam inaugurar valores, criar laços com as diferenças que habitam a dimensão do coletivo em convivência na pólis, com as tensões e exercícios de poder que permeiam a democracia, onde nenhuma vida pode valer mais do que outra. Objetivo: Refletir sobre o processo de trabalho em um centro de saúde misto e as dificuldades para a concretização do cuidado em ressonância com os princípios propostos pela PNH. Metodologia: Revisão de literatura e observação participante em um centro de saúde misto entre setembro de 2010 a dezembro de 2013. Resultados: Durante este período foram realizadas tentativas pontuais pela gestão para a instituição de espaços de educação permanente no serviço, entretanto com baixa adesão e pouca problematização sobre o processo de trabalho e a produção do cuidado pelos participantes. a produção de cuidado por meio da construção de encontros dialógicos, bem como a elaboração de um plano terapêutico singular ficam a cargo de cada trabalhador. Conclusão: a inexistência de dispositivos de fomento à cogestão e inclusão de gestores, trabalhadores e usuários no processo de produção de saúde continua reforçando modos de atenção automatizados que fortalecem o olhar sobre a doença e não reconhecem o usuário enquanto sujeito e protagonista do ato de saúde. a PNH coloca como tarefa substantiva a construção de relações que alterem a dinâmica do trabalho, mas não deve ser compreendida como a vontade particular de um sujeito, exigindo ação transdisciplinar e intersetorial para a produção de subjetividade e autonomia dos sujeitos envolvidos.
Resumo A cartografia pode ser compreendida como uma estratégia que inspira a produção de pesquisas interessadas em traçar, acompanhar, investigar processualidades e propor movimentos de análise. Esse arranjo se mostrou potente para pôr o pensamento em movimento e suscitar sensibilidades que recortaram travessias e experimentações durante a pesquisa de doutorado sobre a fabricação do apoio em saúde no município de São Bernardo do Campo, onde o apoio foi proposto como dispositivo agenciador de redes. As ofertas de apoio variavam em função dos encontros e seus agenciamentos, na perspectiva de que a produção do cuidado e da gestão mobiliza táticas conectadas e indissociáveis. O artigo apresenta momentos e recortes dessa experiência em cartografia, por meio de pequenas narrativas que ilustram inquietações, acasos e imprevisíveis imanentes a esta geografia móvel e sua multiplicidade de possíveis. Nas andanças da pesquisa, foi possível acompanhar muitas maneiras de interrogar e produzir práticas cuidadoras entre os diferentes atores, que colocavam em circulação tensionamentos, disputas e a intensa conexão entre gestão e cotidiano do cuidado.
RESUMOEste artigo discute a produção da psicologia como ciência nos parâmetros da racionalidade moderna e suas relações com a Biopolítica, sob a ótica do pensamento de Foucault, considerando que os discursos psicológicos operam como estratégias de controle, de normalização e de apoio a determinadas formas de subjetivação. Reflete sobre os efeitos dos saberes psicológicos nos processos de subjetivação na contemporaneidade, em sua relação com a medicalização e busca possibilidades de novas proposições para a psicologia. Ressalta que para potencializar modos de intervenção libertadores e favoráveis à produção de um sujeito ativo no plano da formação profissional é imprescindível a análise da fabricação da psicologia como ciência e do estabelecimento de noções como sujeito, saúde, sofrimento, intervenções e formas de cuidado e seus efeitos. Importa salientar que pessoas que se afetam pela presença do outro e no encontro movem diferentes sentidos e lógicas, ao invés de apenas reproduzirem técnicas que operam sobre o outro. Na escuta do imprevisível, estes profissionais se colocam em abertura aos processos de subjetivação disparados nos encontros.Palavras-chave: saberes psicológicos; biopolítica; processos de subjetivação; medicalização. ABSTRACT Psychological Knowledge, Production of Subjectivity and Implications with the Bio-PoliticsThis article discusses the production of psychology as a science in parameters of modern rationality and it examine its relationship with biopolitics, thinking with Foucault that psychological discourses can operate as control strategies, standardization and support to certain forms of subjectivity. It reflects about the effects of psychological knowledge in the processes of subjectivity in contemporary world and the practices of the medicalization. Moreover, it search to present new propositions and possibilities for psychology. Points out that to enhance liberators procedures for intervention and favorable to the production of an active subject in the vocational training plan is essential to analyze the psychology of manufacturing and science and the establishment of notions such as subject, health, pain, interventions and forms of care and their effects. It should be noted that people who are affected by the presence of the other and move in different directions meet and logical, rather than just reproducing techniques which operate on the other. In listening to the unpredictable, these professionals put themselves in openness to subjectivity elicited processes in meetings.
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