Este artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que a publicação original seja corretamente citada. http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR http://dx.doi. org/10.15448/1984-7726.2017.4.27168 Let. Hoje (Porto Alegre), v. 52, n. 4, p. 475-482, out.-dez. 2017 Sabores e amores na cozinha de Laura Esquivel Resumo: O presente artigo propõe uma análise do romance Como água para chocolate, de Laura Esquivel, numa perspectiva afetiva, com o objetivo de demonstrar como a autora mexicana utiliza recursos gastronômicos em sua narrativa para recodificar e ressignificar a expressão de sentimentos de suas personagens, como amor, ódio, austeridade e ressentimento. Abordar o romance de Esquivel a partir do escopo proposto nos permite identificar a comida e seu consumo não apenas isoladamente como um processo biológico, mas também como uma possibilidade de perceber, sentir e ler o mundo e as relações interpessoais através de uma ressonância emocional oferecida pelo dado culinário. É igualmente relevante apontar o caráter subversivo que o elemento gastronômico proporciona à diegese, uma vez que é a partir do manuseio da comida que a personagem principal, Tita De la Garza, constrói suas subjetividades e encontra a sua própria voz em um espaço de opressão. Palavras-chave: Laura Esquivel; Como água para chocolate; Comida; AfetoAbstract: This article proposes an analysis of Like water for chocolate, novel by Laura Esquivel, through an affective perspective, with the objective of demonstrating how the Mexican author make use of the gastronomic resources in her narrative to recode and resignify the expression of feelings by her characters, such as love, hate, austerity and resentment. Approaching Esquivel's novel through the affective scope allows us to recognize food and its consumption not only as a biological process, but also as a possibility to perceive, feel and read the world and the interpersonal relations through an emotional resonance enabled by the culinary presence. It is equally relevant to identify the subversive aspect given to the diegesis by the gastronomic element, once it is through the handling of food that the protagonist, Tita De la Garza, forges her subjectivities and finds her own voice in an oppressive space. Keywords: Laura Esquivel; Like water for chocolate; Food; Affect IntroduçãoEmbora a comida seja comumente associada apenas ao processo biológico de nutrir o corpo, é incontestável que ela está enraizada nas mais diferentes formas de construção sociocultural. As experiências que o sujeito vive em sua trajetória estão sempre demarcadas pela presença do alimento, pelo seu cheiro, por suas texturas e pelas mais diversas emoções que essas sensações podem provocar.Como água para chocolate (1993), best-seller mexicano escrito por Laura Esquivel, tem como um dos principais tropos narrativos a utilização da comida em um paralelo entre alimento e afetividade. Uma vez q...
Apresentamos nesse texto um relato de experiência com a cultura popular e a literatura infantil em três escolas de ensino básico do município de João Pessoa. O projeto aconteceu durante os anos de 2002, 2003 e 2005. Nesse período, constatamos o crescente interesse da comunidade escolar em levar para o espaço da sala de aula a riqueza e a diversidade das manifestações da cultura popular, além de textos da literatura infantil que dialogam com a tradição oral. Assumimos como postura metodológica, durante todo o trabalho, o respeito à diversidade cultural e aos sentidos que os artistas populares imprimem ao seu fazer, e ainda o reconhecimento da cultura popular como uma prática do presente, que não precisa ser resgatada nem defendida por pesquisadores, agentes culturais ou educadores, e sim reconhecida e respeitada. Adotamos como referencial teórico, autores como Gramsci (1969), Ortiz (1985), Fernandes (2003), Soares (1999) e Candau (2002).
O presente artigo objetiva analisar a representação do espaço da cozinha em Como água para chocolate (1993) de Laura Esquivel e suas implicações nos movimentos de opressão e resistência caracterizados pela autora em sua diegese. Tita De la Garza, ao nascer sobre a mesa da cozinha, é destituída de uma vivência plena ao ser subjugada por uma tradição familiar que a coloca na posição de servente de sua mãe até o fim de seus dias. A cozinha, que num primeiro momento se mostra como um lugar de confinamento, ressignifica-se como um eixo subversivo de formação de subjetividades femininas uma vez que Tita encontra no aprisionamento espacial uma forma de projetar sua voz, desejos e sentimentos silenciados através da comida. Apoiamo-nos em teóricos a exemplo de Tuan (2013), Sceats (2003) e Certeau, Giard e Mayol (1993) para melhor compreender como isso se desdobra no romance.
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