This article concerns the use of narrative and genealogical frameworks among sertanejos, the inhabitants of the hinterlands (sertão) of Pernambuco in the Northeast of Brazil, in the process of grouping and differentiating families. It explores how accounts produced by different people are linked by shared memories of past conflicts – such as cangaço and questões de família (lit. ‘family issues’). Through conceived and lived relationships among relatives and the correlated concepts of ‘blood’ and ‘race’ current in this social formation, I look to identify the different meanings attributed to time and space, inscribed in the collective memory, and implicated in the moving configurations of ‘family’ in a cognatic universe.
ApresentaçãoA chegada de um pioneiro a um território virgem é o marco inaugural da história de um nú-cleo de povoamento, de acordo com as concepções manifestas nas histórias dos municípios do norte do Mato Grosso e do sertão de Pernambuco, asPioneiros de MAto Grosso e PernAMbuco novos e velhos capítulos da colonização no brasil *
Ana claudia Marquessim como nos relatos de narradores 'autorizados' 1 (Appadurai, 1981, p. 203). A formação de fazendas ou sítios e a participação pessoal ou de antepassados no desenvolvimento de um aglomerado populacional fornecem uma moldura no interior da qual histórias pessoais e coletivas são incluídas. Neste artigo, meu ponto de partida são as concepções de origem presentes nos diferentes relatos e depoimentos, orais e escritos, que pretendem descrever a história de uma localidade ou de sua fundação. Em Mato Grosso, a referência à região Sul brasileira, e ao Rio Grande do Sul em particular, proporciona o mais potente referencial de identificação coletiva de um segmento social dominante, que para certos efeitos se define ele mesmo como a "sociedade" local. No sertão pernambucano, o referencial genealógico orienta primordialmente os pertencimentos sociais."Aqui, quase todo mundo é sulista". Entre os habitantes de Sorriso e Lucas do Rio Verde, em
Neste artigo me debruçarei sobre alguns conceitos e noções forjados com a finalidade de definir grupamentos solidários de base parental, dentro e fora do antropologia do parentesco, no intuito de examinar sua pertinência ao meu próprio material de campo no sertão pernambucano, em consonância com as diferentes abrangências a que alude ali o termo família, bem como aos processos de familiarização e desfamiliarização que ocorrem no interior e para além do campo estrito da família e do parentesco. A flexibilidade e indeterminação dos vínculos cognáticos e a extensão metafórica do parentesco sobre outros campos de relações impõem desafios analíticos, por vezes implícitos nos conceitos mais ou menos consagrados na antropologia. Primeiramente, examino diferentes acepções da noção de casa, de modo a confrontar sentidos nativos e analíticos a ela atribuídos. Esse exercício se desdobra no questionamento sobre os limites da correspondência entre algumas categorias sertanejas de parentesco e os termos da oposição entre parentesco biológico e social, que fundamenta, segundo Schneider, os estudos antropológicos do parentesco. No ensejo de introduzir nesse debate outras distinções não de imediato subsumidas àquela dicotomia, recorro ao conceito deleuziano de “virtual- eal” como instrumento analítico que permite elucidar distinções realizadas pelos próprios sertanejos com respeito ao parentesco e à família.
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