Introdução: As lesões ósseas da pelve e quadril são raras comparadas com as contusões e lesões musculotendíneas desta região anatômica, ocorrendo principalmente em crianças e adolescentes entre 8 e 14 anos, reflexo do seu esqueleto imaturo, que praticam atividades físicas de alto impacto e repetitivas, com maior incidência no sexo masculino (OGDEN, 2000; TACHDJIAN, 1990; PEREIRA, 2002). No entanto, podem ocorrer, em menor frequência, em adultos. Dentre estas, as fraturas por avulsão das espinhas ilíacas superior e inferior e tuberosidade isquiática tem maior incidência do que as localizadas na crista ilíaca. Devido ao crescimento da prática desportiva competitiva na faixa etária citada nos últimos anos, a incidência de lesões por avulsões apofisárias correspondem entre 10% e 24% de todas lesões desportivas ligadas a pacientes pediátricos (KJELLIN, 2010; HEBERT, 2008; VANDERVLIET, 2007). Por terem um mecanismo de trauma geralmente indireto, habitualmente causado pela tração da musculatura inserida na região, entre os quais podemos citar os músculos oblíquos externo e interno e o músculo transverso do abdómen, o diagnóstico é um grande desafio, que o torna de difícil suspeição clínica (PEREIRA, 2002; GODSHALL, 1973; LAMBERT, 1993). O auxílio de um exame radiológico ou, se necessário, de tomografia computadorizada, podem confirmar a hipótese diagnóstica. O princípio do tratamento se baseia principalmente no grau de deslocamento da espinha ilíaca. Geralmente é indicado um tratamento conservador com analgesia, restrição de movimento e de suporte de peso na região afetada. Entretanto, quando a avulsão for maior a 3 centímetros, leva-se em consideração o tratamento cirúrgico, para evitar sequelas funcionais ou futuras deformidades (MORTATI, 2014). Os autores relatam a seguir um caso raro de um paciente com avulsão da espinha ilíaca anterossuperior pós traumática. Apresentação do caso: I.P.M, masculino, 17 anos de idade, canhoto, jogador da divisão de base do Goiás. Procurou o serviço do Hospital Geral de Goiás (HGG), referindo que 30 dias antes sentiu dor aguda na face anterior do quadril esquerdo, durante partida de futebol ao dividir uma bola com jogador da equipe adversária. Tentou prosseguir no jogo, porém, sem sucesso. Relatava que a dor aumentou de intensidade, e ao exame físico notou-se equimose local, edema e dor no quadril esquerdo. Solicitou-se radiografia simples de bacia, sendo identificado fratura da espinha ilíaca ântero superior à esquerda. Complementou-se com tomografia computadorizada da bacia, a qual confirmou a fratura, permitindo identificar também, a presença de desvio maior que 4 cm. Foi