Depois dos anos 60, e especialmente depois da repercussão da obra kunhiana, tornou-se comum a distinção entre o ponto de vista continuísta e o descontinuísta na avaliação do desenvolvimento científico. Kuhn passou a ser visto como o grande descontinuísta ao lado de Koyré e Butterfield e foi considerado o causador de uma grande mudança no modo de se conceber o desenvolvimento da ciência. Em diversas abordagens, a noção de continuidade tem sido, muito frequentemente, equiparada à acumulação, que implica necessariamente a negação da existência de revoluções científicas. Neste trabalho, buscamos mostrar que o emprego dos adjetivos “cumulativista” ou “continuísta” em oposição ao termo “descontinuísta” pode tanto suscitar interpretações equivocadas de visões históricas quanto estabelecer aproximações entre visões bastante distintas. Isso parece claro quando se analisa, por exemplo, as concepções de Sarton, Conant e Kuhn sobre a acumulação, tarefa a que nos propomos. A análise propicia considerações sobre os papeis desses pensadores na história da ciência.
George Sarton tem sido sempre lembrado como um dos responsáveis pela institucionalização da disciplina de História da Ciência. Até o início dos anos 60, a crítica lhe é extremamente favorável e elogiosa, cedendo lugar a considerações restritivas que enfatizam a ausência de uma abordagem filosófica e analítica em seus escritos. Essas restrições se intensificam no contexto da nova historiografia da ciência, tal como anunciada por Thomas Kuhn. Procuramos, neste artigo, refletir sobre as considerações de alguns intérpretes de Sarton, analisando seu projeto grandioso em prol da criação da disciplina de história da ciência. Ao fazê-lo, buscamos mostrar como as críticas de alguns desses intérpretes são reveladoras da mudança ocorrida na história da ciência ao mesmo tempo em que suscitam a necessidade de se revisar seu papel na constituição da disciplina.
1Amélia de Jesus Oliveira 2 RESUMO: Os intérpretes dos manuscritos de Leonardo da Vinci partilham dos mesmos sentimentos de espanto e de fascínio quando examinam sua contribuição para a ciência moderna. Podemos, contudo, perceber uma constante tentativa em prol de uma revisão histórica acerca do papel desempenhado por Leonardo. Observando a história dessas revisões, é possível detectar aspectos significativos das perspectivas históricas e historiográficas dos envolvidos nessa discussão. É o que pretendemos fazer neste trabalho, focando a controvérsia entre Duhem, por um lado, e Sarton, Koyré e Rossi, por outro. Ao fazer isso, buscamos discutir alguns traços que marcam a distinção entre uma historiografia mais antiga e a nova historiografia da ciência, tal como exposta por Thomas Kuhn. PALAVRAS-CHAVE:Leonardo da Vinci. Ciência moderna. Renascença. Continuísmo. COnsiderAções iniCiAisAdmiração é o sentimento que comumente acompanha os textos interpretativos sobre a contribuição de Leonardo da Vinci para a ciência moderna. Não são poucos os historiadores que enfatizaram o caráter enigmático e perturbador de sua produção, vista invariavelmente como um exemplo privilegiado da capacidade "multifacetada" do homem renascentista, como afirma Burckhardt, em seu livro A cultura do Renascimento na Itália. A imagem de Leonardo aí apresentada parece sintetizar a visão amplamente ratificada posteriormente: "Para sempre [...] os colossais contornos da pessoa de Leonardo só poderão ser divisados à distância" (BURCKHARDT, 1991, p. 118). Podemos observar, entretanto, que essa imagem é um eco das expressões empregadas por Giorgio Vasari, na terceira parte de sua obra publicada já em 1550, quando analisa a vida de Leonardo da Vinci e afirma:1 Agradeço a um revisor anônimo pelos comentários proveitosos sobre a primeira versão deste texto. Os maiores dons parecem ser derramados sobre certos seres humanos por uma influência celeste. Muitas vezes naturalmente e, às vezes, de forma sobrenatural, beleza, graça e talento são congregados em um único homem, de tal maneira que, assim favorecido, pode transformar o que quer que seja. Onde quer que ele vá, suas ações são tão divinas que deixam todos os homens atrás de si, manifestando-se claramente como algo dado por Deus (o que de fato são), e não adquiridas pela arte humana. (VASARI, 1771, p. 12).
Abstract:What is the contribution of Duhem's work to the modern historiography? His interpreters have been discussing this question and ordinarily have recognized that the main aspect in his extensive work is connected with his research of medieval science. It has become customary to speak of the "discovery of medieval science" as his foremost historiographic achievement. This paper aims to discuss some aspects of Duhem's historiography more for its promotion of a new historical perspective than for its results. Duhem's legacy for modern historiography can be investigated from the characteristics that mark this new perspective, as regarded by Thomas Kuhn.
Estuda‑se a utilização do termo dactilioteca nos autores da antiguidade clássica romana e o seu uso e significado nos registos latinos e modernos em algumas obras de referência europeias. Constata‑se que este termo começa a ganhar maior popularidade no século XVIII e vai sofrendo uma alteração do seu significado como resultado do estudo das gemas, cada vez mais popular. Entre nós, este termo, já utilizado em dicionários em latim, pelo menos a partir do século XVI, vai sendo referido na dicionarística portuguesa, ainda que cada vez de forma mais sucinta.
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