marília mendes Ferreira* alissa persike** resUmO Este artigo analisa as concepções de plágio e seu tratamento numa renomada universidade brasileira. 42% das unidades de ensino e pesquisa da universidade não apresentam nenhuma informação sobre plágio ou citações em trabalhos acadêmicos. Além disso, as unidades enfatizam mais as normas de citação (56,2%) do que as definições de plágio (43,8%). As definições encontradas demonstram que o plágio é considerado um ato desonesto e que há falta de orientações sobre sua prevenção e/ou punição. Assim, neste texto, defende-se uma mudança de visão: o plágio precisa ser tratado como problema de escrita acadêmica e não apenas como uma questão jurídica.palavras-chave: plágio, universidade brasileira, letramento acadêmico. IntroduçãoO plágio vem se constituindo num problema crescente nos vários níveis de ensino -fundamental, médio e universitário -e na própria prática científica (azevêdO, 2006; abranches, 2008; sabbatini, 2012). Nesse último caso, a discussão sobre o plágio se detém à ética na pesquisa e nas publicações. Especialmente em relação ao primeiro aspecto, casos comprovados de plágio ganham destaque frequente na mídia (ver, por exemplo, Folha de S.
Diante da internalização das universidades brasileiras e a crescente pressão por publicação em inglês em periódicos internacionais bem qualificados, a questão do plágio adquire contornos mais complexos (FERREIRA; PERSIKE, 2014) como, por exemplo, o aspecto cultural. Este estudo analisa a visão do termo em manuais de ensino da escrita acadêmica em português e a compara com a visão anglófona (SCOLLON, 1995). A visão anglófona foi investigada em revisões da literatura sobre o tema e em sites das principais editoras internacionais. A visão brasileira foi abordada em oito importantes manuais de ensino da escrita acadêmica em português. Verificou-se que o termo é evitado no Brasil, enquanto no contexto anglo-saxão, é amplamente discutido e seu ensino defendido. Além de ser definido de maneira superficial – quando há definição –, a prevenção ao plágio não é abordada, uma vez que as habilidades essenciais do letramento acadêmico para a elaboração de textos, como a paráfrase, não são contempladas adequadamente nos materiais.
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