Esse estudo tem como objeto a atenção à saúde mental no Programa Saúde da Família (PSF) e como pressuposto a complexidade desse atendimento. Os objetivos foram analisar as condições concretas da assistência à saúde mental em unidades de PSF de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, descrevendo a dinâmica assistencial e identificando situações e instrumentos utilizados pelos diferentes trabalhadores para atender problemas de sofrimento mental na comunidade. Por meio de metodologia exploratório-descritiva, foram estudados os discursos de oito equipes com os recursos da análise de conteúdo. Concluiu-se que a demanda de atendimento às pessoas com sofrimento mental não era registrada nos prontuários nem integrava projeto de intervenção individual ou familiar; algumas ações eram realizadas numa concepção leiga de "doença mental" e tratamento, e o recurso do encaminhamento para a rede especializada era freqüentemente acionado, apesar da precariedade desta, refletindo a necessidade de continuidade no processo de capacitação em saúde mental.
O trabalho com grupos, no Programa Saúde da Família (PSF), pode se constituir como tecnologia assistencial e de empoderamento de pacientes e da comunidade para o exercício da cidadania. Objetivo: analisar se o trabalho com grupos, nesse contexto, se constitui como espaços geradores ou potencializadores de participação da comunidade e controle social do serviço. Métodos: pesquisa exploratório-descritiva em oito Unidades de Saúde da Família (USF) de Cuiabá. Resultados: os enfermeiros realizam grupos com os recortes programáticos vigentes na prática da saúde pública tradicional. Os grupos se reduzem à informação coletiva sobre doenças e tratamento e se consolidam como estratégia assistencial enquanto a dimensão de empoderamento para o exercício da cidadania é reduzida.
Objetiva-se analisar o trabalho em equipe nos Centros deAtenção Psicossocial (CAPS), a partir da conceituação e tipologia de trabalho em equipe na área da saúde, buscando problematizar o tema no contexto da Reforma Psiquiátrica, à luz da categoria processo de trabalho do referencial teórico-metodológico da dialética marxista. Consideramos as condições deficientes de trabalho e suas conseqüências nas práticas das equipes que pretendem trabalhar na lógica da reabilitação psicossocial e concluímos que a complexidade do trabalho das equipes dos CAPS constitui um grande desafio que é acrescido das dificuldades impostas pela precarização do trabalho nos serviços públicos de saúde, especificamente nos serviços de saúde mental.
As condições de trabalho das equipes dos CAPS incidem na realização da atenção psicossocial, que pressupõe territorialidade, responsabilidade e vínculo terapêutico. Objetivo: caracterizamos as equipes e analisamos alguns condicionantes organizacionais e psicossociais para o desenvolvimento do trabalho nos CAPS I de dois municípios de Mato Grosso. Foi realizado um estudo descritivo e qualitativo em 2008, por meio de observação e entrevistas com 46 sujeitos (trabalhadores, gestores e usuários/familiares). A análise considerou a historicidade dos fenômenos sociais e o trabalho como categoria analítica. Os dados apontaram descontentamento dos trabalhadores e dos usuários relativo às condições de trabalho e atendimento, respectivamente. Entre os 18 profissionais de nível superior, quatro se especializaram ou estavam realizando especialização na área de saúde mental. Concluímos que neste contexto há pouca possibilidade de o trabalhador se perceber sujeito de seu trabalho e, consequentemente, ampliar a autonomia e reinserção social do usuário.
Trata-se do relato de uma experiência de trabalho da enfermeira em equipe de saúde da família. O objetivo é apresentar alternativa de trabalho que possibilite dar visibilidade aos portadores de transtorno mental nesse modelo de atenção. Os dados foram obtidos inicialmente através das Fichas de Cadastramento, preenchidas pelos Agentes Comunitários de Saúde. Observamos que os problemas relacionados ao sofrimento mental eram sub-notificados. Propusemos uma busca ativa por meio dos Agentes Comunitários de Saúde, utilizando, além do cadastramento, o conhecimento informal destas. Esta atitude possibilitou aumentar e diversificar os problemas identificados no cadastro inicial, passando de 19 (dezenove) para 43 (quarenta e três), dos quais 39 (trinta e nove) tiveram seu diagnóstico confirmado através de consulta com especialista. Após prescrição de conduta terapêutica adequada, a ESF reorientou suas ações, qualificando o seu atendimento aos pacientes e familiares e contribuindo para a desmistificação do cuidado ao portador de transtorno mental.
Partindo de dados de um estudo local, apresentamos uma reflexão sobre o trabalho e as práticas de cuidado realizadas por duas equipes dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), à luz dos pressupostos teóricos, administrativos e técnico-assistenciais da Reforma Psiquiátrica, e da historicidade, materialidade e contradições do trabalho das equipes no contexto matogrossense. Na realidade estudada, o modo de gestão em saúde mental condiciona o modelo de atenção e, em grande medida, reduz o potencial criativo individual e coletivo de trabalhadores e usuários. Destaca-se a potencialidade inovadora e criativa dessa nova tecnologia que, entretanto, ao ser padronizada nacionalmente, simultaneamente garante recursos e institucionaliza o cuidado e imobiliza práticas terapêuticas. Trabalhar/cuidar é um processo dinâmico que inclui trabalhadores e pacientes numa dialética. A ampliação da capacitação técnico-política dos trabalhadores e o enfrentamento das contradições desse trabalho pode permitir a construção, sempre provisória, da atenção psicossocial.
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