Resumo Este artigo objetiva realizar uma abordagem acerca dos riscos (socioambientais) e da ideia de resiliência, discutindo as suas principais acepções e usos contemporâneos no debate sobre a urbanização mundial, e como esses termos estruturantes encabeçam as narrativas da agenda urbana global encampada por organismos multilaterais. O estudo possui caráter exploratório/analítico, partindo de levantamentos, leituras e análises bibliográficas/documentais. As narrativas sobre os riscos socioambientais, associadas à ideia de resiliência, são utilizadas no planejamento/gestão urbana atual das cidades em diferentes contextos. Verificou-se que o mercado tem transformado essas dinâmicas e problemáticas socioambientais em grandes negócios “sustentáveis”, transferindo, difundindo e mobilizando tais discursos e suas “soluções” para diferentes problemas urbanos, visando implementar o ideário da agenda global de urbanização neoliberal e “sustentável”.
R ev. BR as. estud. uR Ba nos R eg., v.17, n.3, p.49-67, R eCIFe, set./deZ. 2015 9Recife, a noiva da revolução:entre os circuitos espaciais da inclusão/exclusão e a resistência urbana contemporânea Recife, the bride of the revolution:between the spatial circuits of inclusion/exclusion and contemporary urban resistance Alexandre Sabino do Nascimento (MARICATO, 2011), vive uma gama de problemas urbanos, estando inserido em um amplo e caótico quadro de constantes engarrafamentos, moradias irregulares, especulação imobiliária e serviços públicos precários. De modo geral, esse quadro fez com que eclodisse, em junho de 2013, revoltas urbanas em diferentes partes do Brasil, em torno das quais orbitavam problemas típicos de uma questão urbana, com suas referentes consequências socioespaciais. Nesse contexto, observamos que o investimento em políticas públicas urbanas, como a urbanização de favelas, os grandes projetos de desenvolvimento urbano (GPDUs) (MASCARENAS; BIENENSTEIN; SÁNCHEZ, 2011), a requalificação de áreas centrais e/ou os megaprogramas habitacionais (Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV)), representou um avanço, mas, ainda assim, foi insuficiente. O chamado direito à cidade é mais complexo, dependendo de políticas urbanas de estruturação e planejamento verdadeiramente democráticas, as quais devem atuar, sobretudo, na regulação do uso e da ocupação do solo, a fim de desmanchar o intricado nó górdio da terra e da especulação fundiária e imobiliária a ela correlatas (MARICATO, 2011).Acrescentemos que os problemas socioespaciais ligados à questão urbana desenvolvem-se no interior de dois outros processos, a saber: (i) ampliação da concorrência intercapitalista entre diferentes frações do capital, com efeitos nos diferentes espaços; e (ii) reconfiguração constante da luta de classes. Quanto ao segundo processo, no estado de Pernambuco, especificamente, em Recife, notamos a configuração histórica de diversos momentos de revoltas e sublevações sociais, bem como de períodos de recrudescimento e ampliação das contradições ligadas ao processo de acumulação de capital e às crises do sistema capitalista, que produzem efeitos em diferentes temporalidades e espacialidades.Em 2008, Francisco de Oliveira publica o ensaio Noiva da Revolução. O texto segue a ideia de que o Recife é uma cidade noiva da revolução. Mas quais revoluções foram protagonizadas nessa cidade? Vale retomar alguns dos eventos elencados por Oliveira (2008) para ratificar que Pernambuco e sua capital foram palco de um passado revolucionário. Em 1817, surgiu um movimento social revolucionário emancipacionista que propunha, em seu programa, com base nos ideais iluministas e na Revolução Francesa, o direito ao voto, a abolição da escravatura e a constituição de uma república (isto é, a separação da província do Brasil). Historicamente, esse é um dos eventos mais radicais de Pernambuco. Por conseguinte, veio a Confederação do Equador, de Frei Caneca, movimento separatista que, com uma fórmula inovadora para a época, idealizava um pacto entre estados autôn...
Esse artigo tem por objetivo identificar e sistematizar uma possível chave de leitura em torno da análise da relação entre conceitos, agendas e paradigmas, aparentemente, desconexos como: mudanças climáticas, neoliberalismo/neoliberalização, segurança/soberania alimentar, land grabbing, green grabbing, assetização, desenvolvimento sustentável, conservação ambiental, Economia Verde e Bioeconomia, entre outros. Como metodologia para se chegar aos resultados alcançados efetivou-se uma pesquisa exploratória, bibliográfica e documental. Conclui-se que, atualmente, evolui uma corrida global por terras e recursos naturais, que representa certo rentismo ecológico manifestado nas análises dos fenômenos de land grabbing e green grabbing, esses fenômenos, por sua vez, estão associados a práticas e dispositivos neoliberalizantes e financeiros presentes na construção de uma agenda global construída sobre o discurso apocalíptico de uma sociedade de risco global ligada a paradigma das mudanças climáticas.
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