Memorare orgulhosamente traz nesta edição o dossiê Ficções Científicas -Arte e Filosofia. Organizado pelo Dr. Alexandre Linck Vargas (UNISUL) e pelo Dr. Octavio Aragão (UFRJ), trata-se de uma importante contribuição para as áreas de literatura, artes e filosofia. Ao total, o dossiê conta com quinze artigos de pesquisadores nacionais e internacionais, e uma tradução.Esta edição ainda conta com quatro artigos de temática livre. Em El tratamiento de la temática padre e hijo en cuentos de Borges y Rulfo, Altamir Botoso compara os contos "Las ruinas circulares", de
É preciso estabelecer a diferença entre o autor de quadrinhos e a genericamente denominada “história em quadrinhos autoral”, de modo a recuperar desta o traço de sua invenção, sua forja histórica. Costumeiramente é demarcada a invenção dos quadrinhos autorais nos anos 1960, sobretudo pela cultura dos comix. Contudo, o que este artigo se propõe é mostrar que havia um processo maior e mais complexo em curso. Sem dúvida, os anos 1960 foram um tempo propício para o surgimento discursivo das HQs autorais, afinal, a autoria ocupava um lugar privilegiado nas disputas da teoria literária e cinematográfica. Porém, desde os anos 1950, o mundo dos quadrinhos já assistia a mudanças significativas, fosse pelas editoras atribuindo um valor autoral por vezes hiperbolizado às revistas em quadrinhos, fosse o público leitor por meio de fanzines produzindo um “reconhecimento”, fosse os próprios quadrinistas de grandes jornais em busca de um traço caligráfico. Esse percurso faria os quadrinhos autorais cindirem em três frentes na segunda metade do século, a saber, uma frente transgressiva que repudia a aceitação cultural, mas por ela se valida, uma frente aristocrática que afirma sua artisticidade sem fazer qualquer demanda, e uma frente literária que exige das histórias em quadrinhos a qualidade quase substitutiva de literatura. Não por acaso esse processo chegará, ao fim do século, articulado na substancial produção de autobiografias em quadrinhos, reagrupando essas três frentes e fazendo dos quadrinhos autorais o que deles hoje entendemos.
Memorare traz nesta edição mais um dossiê sobre história em quadrinhos com abordagens teórico-metodológicas que investiguem as HQs não por uma ontologia das mesmas, mas a partir de suas potencialidades.Desta vez, porém, enfatiza-se uma articulação iniciada nos anos 1960/70 e por vezes desgastada tanto no pensamento crítico quanto na prática profissional: quadrinhos e educação. Esse é o tema do dossiê Potências dos quadrinhos: educação, organizado por Alexandre Linck Vargas (UNISUL) e Ciro Inacio Marcondes (UCB).Esta edição ainda conta com a contribuição de artigos de temática livre.
No abstract
Uma teoria dos afetos impõe-se à tarefa de vasculhar a sarjeta. Mas não se trata da sarjeta no sentido chulo -ou, ao menos, não somente. A sarjeta é um entre-lugar, o espaço de acontecimentos que aparentemente se perdem de vista de uma passagem à outra. Por essa razão, caberia a uma teoria dos afetos um apreço à sarjeta: pois é nela que uma ação invisível pode ser visualizada. Essa imagem da ação do afeto, da imagemafecção, da imagem ela mesma afecção, Gilles Deleuze se ocuparia em A ImagemMovimento, de 1983, a partir de uma investigação do rosto. Isto é, rosto enquanto aparição dos afetos. Contudo, o rosto, seja no seu contorno, seja na sua expressividade, não é uma exclusividade do ser humano -coisa que a procura pela fotogenia cara ao cinema francês dos anos 1920, sobretudo em Jean Epstein, ainda parece ser o exemplo máximo. O afeto é, portanto, segundo Deleuze, uma singularidade, ente único, indivisível, independente de qualquer espaço-tempo determinado ainda que seja criado a partir de um. Afeto enquanto novidade, constituído de qualidades-potências que exibem um rosto. Assim sendo, se o afeto é o rosto, este não é uma parte de um corpo, ele é o próprio corpo.O risco, contudo, de se supor um rosto para a imagem dos afetos é a fácil associação de que o rosto possui para a ideia de identidade. Em uma época de avatares e fotos de perfil, o rosto é o principal traço identificatório. Por essa razão, é preciso reafirmar o seguinte: o rosto de que Deleuze nos escreve não é uma identidade. Pelo contrário, está para antes da identidade, posto no que seria o conceito semiótico de primeiridade, da qualidade pura ainda aberta, da qualidade ainda prenha da indecidibilidade da potência. Desta maneira, a sarjeta seria o nome -sempre provisório e somente metodológico -do lugar onde os afetos ganham rosto, onde aparecem ainda que não sejam identificados, ainda que permaneçam abertos à espera de uma identificação futura mais precisa. Algo que é um desafio, pois parece próprio do afeto justamente a infinidade de relações, de
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