Um manuscrito torna-se o ponto de partida de uma pesquisa minuciosa feita pelos historiadores João Biehl e Miquéias Mügge, em livro intitulado “Escritos perdidos”, que narra a vida e a obra de um imigrante germânico chamado Johann Georg Klein (1822-1915). O livro é dividido em quatro capítulos, com um prólogo e um epílogo. No prólogo, os autores narram como chegaram até o manuscrito de Johann Georg Klein – intitulado Vom Katechismus, perdido por mais de um século e que estava de posse dos descendentes do historiador Leopoldo Petry. Nas páginas finais do livro, um conjunto de cartas escritas pelo personagem e por ele redigidas em nome da líder Mucker Jacobina Mentz Maurer e de sua irmã Carolina Mentz. A obra ainda é repleta de mapas, fotografias, litografias, reprodução de cartas, trazendo qualidade e informação ao texto muito bem construído.
Imagem da capa: Piquete de vaqueanos, do fotógrafo Claro Jansson como objetivos incentivar a publicação de pesquisas e disponibilizar novas temáticas e fontes aos pesquisadores. O conteúdo e a metodologia empregados nos artigos são de inteira responsabilidade dos autores.
ResumoO método missionário utilizado pelos frades capuchinhos em território brasileiro no século XIX baseava-se em dois pressupostos principais: itinerância e pregação. Foram ouvidos por milhares de pessoas, de norte a sul do Brasil, buscando incutir culpa e mudança urgente nos comportamentos antes que o juiz do final dos tempos chegasse. A segunda vinda de Cristo era anunciada para breve, cabendo ao fiel seguir os ensinamentos dos frades para que pudessem alcançar a “salvação da alma”. Este artigo tem por objetivo, portanto, analisar as práticas religiosas dos frades e o primeiro desdobramento surgido entre os povos atingidos pelas pregações. Estimuladas a praticar atos penitenciais, pessoas reuniram-se em comunidades procurando preservar o que os agentes do Evangelho haviam ensinado. Adaptando o discurso dos missionários, leigos criaram “fraternidades”, prescindindo da intermediação do Estado e da Igreja, e tornando-se suspeitos para as autoridades por se organizarem fora do controle institucional.
Este artigo analisa as controvérsias surgidas entre representantes da Igreja católica e vereadores municipais de Santa Maria, interior do Rio Grande do Sul, pela decisão em demolir ou não uma igreja matriz. De um lado, estavam o padre local e o bispo empenhados na preservação do prédio católico; do outro, vereadores buscando o aval do governo provincial e da própria Igreja para demolir o templo, argumentando que seu “aspecto miserável” era vergonhoso para a cidade moderna que se queria construir. Para refletir a respeito dessa desavença, sucedida entre 1884 e 1888, é preciso, primeiro, analisar o que levou a matriz a chegar ao seu aspecto ruinoso. Para isso, iremos utilizar as correspondências trocadas entre a Câmara Municipal de Vereadores de Santa Maria e o governo provincial. Em um segundo momento deste artigo, se fará necessário explicar os significados daquela igreja e as ideias que estavam por trás da tentativa de derrubá-la. Acreditamos que a expectativa da chegada da ferrovia à cidade fez com que os vereadores tomassem atitudes controversas, gerando tensão com os representantes da Igreja católica e do governo provincial. Como contexto geral, temos as relações entre religião, política e modernidade na segunda metade do século XIX, revelando conflitos entre Igreja e Estado no final do Império e início da República.
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