As eleições municipais de 2016 e 2020 em São Paulo apresentaram resultados desviantes das anteriores tanto nos padrões espaciais como no desempenho dos candidatos. Enquanto em 2016 o PT não obteve vitória em nenhum distrito, com parte dos seus votos “roubados” por Marta Suplicy (PMDB), em 2020 o partido pela primeira vez desde 1985 não ficou entre os primeiros colocados, posto ocupado pelo PSOL. Este artigo, através de mapas e análise fatorial, apresenta evidências desse desvio e busca possíveis explicações analisando, por meio de inferência ecológica, a transferência de votos de uma eleição para outra com a hipótese de que essa transferência se deve mais a um voto estratégico do que a realinhamentos eleitorais. Os resultados mostram que não houve uma modificação no “alinhamento do eleitor” e que os desvios encontrados se devem às estratégias de competição adotadas pelos partidos.
Resumo: O artigo avalia a influência do efeito contextual conhecido na literatura como "efeito de amigos e vizinhos" na votação do candidato Aécio Neves na eleição presidencial de 2014. Aplicando a fórmula da vantagem do estado natal introduzida por Lewis-Beck e Rice (1983), foi elaborado um banco de dados com os três primeiros colocados nas eleições presidenciais brasileiras de 1989 a 2014. Os dados mostram que a vantagem do estado natal nas eleições presidenciais foi maior entre os candidatos com menor estrutura partidária e nos estados menos populosos. Por outro lado, no caso do candidato Aécio Neves, embora a vantagem do estado natal tenha sido significativa não foi suficiente para compensar efeitos concorrentes mais importantes que atuaram no território. Palavras-chave: Comportamento eleitoral. Efeito de amigos e vizinhos. Eleições presidenciais. "Friends and neighbours contextual effect" in brazilian presidential elections: the Aécio Neves voting case in Minas GeraisAbstract: In this article, we evaluated the influence of a contextual effect known as "Friends and neighbours effect" on Aécio Neves's voting performance in the 2014 Brazilian presidential election. Using "hometown advantage" formula introduced by Lewis-Beck e Rice (1983), we built a database for the top three candidates in the 1989 to 2014 Brazilian presidential elections. We found that "hometown advantage" was higher between the candidates with lower party structure and in less populated states. On the other hand, although Aécio Neves had a significant "hometown advantage", it was not enough to compensate other most important effects acting at the same time in the territory.
Resumo: Este artigo trata da geografia eleitoral, a partir do estudo da volatilidade do voto nas eleições presidenciais brasileiras no período de 1989 a 2006 utilizando como unidade espacial os municípios brasileiros. Foi calculada a volatilidade eleitoral por meio do índice de volatilidade entre blocos de partidos (Bartolini e Mair 1990) em quatro períodos: 1989/1994, 1994/1998, 1998/2002 e 2002/2006. Os municípios brasileiros são Identificados e classificados em cinco grupos segundo o número de vezes em que eles apresentam taxas altas de volatilidade no período. Por fim é analisado o índice de correlação entre volatilidade e porcentagem de população rural dos municípios.Palavras-chave: geografia eleitoral; volatilidade eleitoral; eleições presidenciais; municípios brasileiros. ELECTORAL GEOGRAPHY: SPACE REPRESENTATION OF VOLATILITY OF VOTEAbstract: This paper is on the electoral geography based on the study of electoral volatility in Brazilian presidential elections between 1989 and 2006 on spatial unit of Brazilian municipalities. The electoral volatility was calculated by the inter-bloc volatility index (Bartolini and Mair, 1990) in four periods: 1989/1994, 1994/1998, 1998/2002, and 2002/2006. The Brazilian municipalities were identified and classified into five groups according to the incidence of high volatility in the period 1989 to 2006. Finally, is analyzed the correlation index between electoral volatility and percentage of rural municipalities.
O tema de estudo que trata da influência da geografia nas eleições, mais especificamente da influência do contexto social ou “lugar” onde o eleitor vive, é pouco explorado pela literatura geográfica brasileira. O artigo apresenta as principais teorias sobre esse tema na literatura anglo-saxônica, buscando demostrar como o desenvolvimento das pesquisas nessa área no Brasil pode fazer com que a geografia alcance uma posição de maior destaque dentro dos estudos eleitorais. Por fim, apresentamos o resultado de uma pesquisa de survey na cidade de São Paulo, onde encontramos evidências da influência do contexto social de vizinhança no comportamento eleitoral.
ResumoEsta dissertação trata do estudo da volatilidade eleitoral nas eleições presidenciais brasileiras no período de 1989 a 2006 na escala dos municípios brasileiros. Foi calculada a volatilidade eleitoral em quatro períodos: 1989/1994, 1994/1998, 1998/2002 : 1989/1994, 1994/1998, 1998/2002, and 2002/2006. The calculations were made using the inter-bloc volatility index (Bartolini and Mair, 1990). The electoral geography of municipal electoral volatility is presented through maps and tables. The Brazilian municipalities were identified and classified into five groups according to the incidence of high volatility in the period 1989 to 2006. Finally, there is an analysis of the possible correlation between this classification and some socioeconomic variables. The results indicate that high rates of electoral volatility during presidential elections in Brazilian municipalities were correlated with low rates of education and life condition.
Esse trabalho busca apresentar os principais estudos, teorias e métodos de pesquisa da subdisciplina geografia eleitoral, desde os primeiros estudos de mapeamento eleitoral de André Siegfried, na França, e Frederick Turner, no EUA, até a perspectiva de análise eleitoral baseada nos lugares, de John Agnew. Em um segundo momento, discutimos os estudos sobre a influência do contexto no comportamento eleitoral. Argumentamos que os indivíduos do ponto de vista contextual seriam influenciados em dois níveis: por suas redes sociais de contato e de comunicação política, e pelo contexto geográfico ao seu redor, onde ocorrem as práticas sociais cotidianas. Na parte empírica do trabalho, usamos a técnica estatística de análise fatorial para identificar os períodos de mudança e estabilidade nos padrões espaciais de votação das eleições presidenciais de 1989 a 2014. Encontramos um período de estabilidade (voto normal) de 2006 a 2014, com uma clivagem regional norte/sul entre PT e PSDB. Por fim, a partir da hipótese que a mobilidade espacial e as redes de interação social modulariam a influência do contexto no comportamento eleitoral discutimos os resultados de uma análise de dados de "surveys", aplicados na cidade de São Paulo em 2016.
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