Está longe de ser fácil qualificar uma concepção ou um pensador de relativista. Como Kuhn rejeita ser tachado de relativista, discutiremos o que em sua obra dá ensejo a assim caracterizá-lo. Abordaremos três relativismos em Kuhn - o epistêmico, o ontológico e o linguístico - com o intuito de avaliar se o relativismo em Kuhn é fruto da aplicação de uma filosofia à compreensão da ciência ou se é derivado de uma fidedigna reconstrução histórica da ciência. Entendemos ser fundamental diferenciar o caso em que se emprega uma variante de relativismo filosófico na reconstrução da ciência do caso em que o relativismo é extraído de como a ciência vem sendo praticada. Tentaremos, operando com a distinção entre relativismo filosófico e relativismo metacientífico, demonstrar que as teses basilares de Kuhn são, quando muito, parcialmente apoiadas pela história da ciência. E também advogaremos que o relativismo kuhniano deve fundamentar-se em última análise em explicações psicológicas e sociológicas para ser solidamente defendido. Kuhn reconhece isso, mas questiona a capacidade explicativa das teorias até aqui forjadas pelas ciências sociais. E se Kuhn não é capaz de mostrar como e em que extensão os fatores sociais atuam sobre a racionalidade científica, então seu relativismo pode ser apropriadamente visto como fruto da aplicação de determinada epistemologia, ontologia e filosofia da linguagem à compreensão da ciência.
Although Kuhn rejects being labeled a relativist, I will discuss what in his works justifies so characterizing him. I will explore three kinds of relativism in Kuhn - epistemic, ontological and linguistic - in order to assess whether his relativism is the result of applying a philosophy to the understanding of science, or whether it is derived from an accurate historical reconstruction of science. It is essential to differentiate between a variant of philosophical relativism being employed in the reconstruction of science, and relativism simply deriving from the way science has been practiced. Operating with the distinction between philosophical and metascientific relativism, I will try to show that Kuhn's basic theses are at best partially supported by history of science, and contend that, in the final analysis, kuhnian relativism must be grounded on psychological and sociological explanations in order to be firmly sustained. Kuhn recognizes this, but he questions the explanatory capacity of the theories so far forged by social sciences. And if Kuhn is unable to show how and to what extent social factors act upon scientific rationality, then his relativism may properly be seen as the product of applying a certain epistemology, ontology and philosophy of language to the understanding of science
A incomensurabilidade entre as filosofias a inComenSurabilidade entre aS filoSofiaS e a inexiStênCia de revoluçõeS em filoSofia Alberto Oliva 1As teorias e as escolas se devoram reciprocamente, como os micróbios e os glóbulos, e asseguram por sua luta a continuidade da vida. (Marcel Proust) Toda teoria, em qualquer campo, só é válida quando nos servimos dela para ultrapassá-la. (André Gide) RESUMO: Este artigo se ocupa de questões metafilosóficas. Nele, discutiremos as razões que fazem com que a filosofia, diferentemente da ciência, problematize a si mesma como empreendimento cognitivo. Em particular, procuraremos identificar como e por que a filosofia acaba se constituindo em problema para si mesma. À exceção das ciências sociais onde há estudos críticos do tipo sociologia da sociologia, a ciência em geral não põe em discussão a si mesma. Raros são os casos em que a ciência chega ao extremo de questionar a própria cognitividade. A filosofia, em alguns de seus mais lúcidos e profícuos exercícios, não se furta a se avaliar como projeto cognitivo. Com esse tipo de preocupação metafilosófica, nosso artigo questionará a pretensão das grandes filosofias de protagonizar revoluções. Defenderemos a tese de que inexistem as revoluções postuladas pelos filósofos, destacando que a incomensurabilidade subsistente entre as filosofias não é provocada por rupturas conceituais ou explicativas e sim pela adoção de diferentes pressuposições absolutas, conforme definidas por Collingwood. PALAVRAS-CHAVE:Essencialismo. Justificação epistêmica. Incomensurabilidade. Progresso cumulativo. Revolução.
O conhecimento científico tem ficado a meio caminho entre a episteme - ou a veram &certam scientiam postulada por Descartes - e a doxa. Entre os cientistas é cada vez maior oreconhecimento de que mesmo que a verdade tenha sido alcançada não se tem como saberenquanto a pesquisa prosseguir. Na aparência, a filosofia é em alguns autores e em determinadosmomentos de sua história explicativamente mais pretensiosa que em outros. A tese que defendemosé a de que, no fundo, a hybris explicativa é o traço distintivo dos Grandes Sistemas Filosóficos. Aconsciência metacientífica da falibilidade não tem contribuído para diminuir a arrogânciaexplicativa da maioria das filosofias. E se a soberba intelectual tem sido maior no tratamento dasquestões que fomentam disputationes seculares é porque é difícil, ou quiçá impossível, se chegar a umamodalidade (objetiva) de conhecimento sobre os Lebensproblemen. Para piorar, no panoramafilosófico contemporâneo a busca do conhecimento provado tem sido substituída com freqüênciapela arrogância do retorismo, isto é, pelo discurso vazio que tenta se fazer passar por boa filosofia.
Natureza e Cultura: será que o humano nos deixará de ser tão estranho?
Resumo: Partindo das exigências epistêmicas estatuídas pela concepção-padrão de conhecimento, de acordo com a qual conhecimento é 'crença verdadeira justificada', o artigo visa a identificar as razões pelas quais as teorias filosóficas substantivas têm fracassado em satisfazê-las. Aceita essa visão de conhecimento, a filosofia vê-se impedida de atribuir estatuto cognitivo às suas teorias. O artigo também pretende mostrar que a filosofia tem a credibilidade cognitiva colocada em xeque quando constrói abstrusos exercícios retóricos que especiosamente buscam legitimar-se como conhecimento. Além de forjar teorias carentes de cognitividade, a filosofia também cria teorias compostas de proposições claramente desprovidas de significatividade. Ao elaborar teorias carentes de potencial cognitivo e teorias cujas proposições carecem de sentido, a filosofia fica sujeita a ter a cognitividade questionada. No entanto, a avaliação final da filosofia não pode confinar-se à dimensão da cognitividade, já que suas teorias possuem o poder de oferecer formas de ver a realidade mesmo quando fracassam em explicar objetos.Palavras-chave: metafilosofia; verdade; justificação epistêmica; significado cognitivo.
Abstract:Starting from the epistemic requirements stated by the standard view of knowledge, according to which knowledge is 'justified true belief', this article aims to identify the reasons why substantive philosophical theories have failed to satisfy them. Accepted this view of knowledge, philosophy will hardly be able to assign cognitive status to its theories. This article also intends to show that philosophy has its cognitive credibility put in check when it constructs abstruse rhetorical exercises that speciously seek to legitimize themselves as knowledge. Besides forging philosophical theories deprived of cognitive * Doutor em Filosofia (UFRJ) com Pós-doutorado na Universidade de Siena, Professor Associado IV do Depto de Filosofia da UFRJ, Pesquisado 1-B do CNPq.
J'ai lu l'article Hu ma nis mo, liberdade e necessidade: compreensão dos hiatos cognitivos entre ciências da natureza e ética , de Ana Maria Coutinho Aleksandrowicz et Maria Cecília de Souza Minayo dans sa version en anglais et je le trouve bien fait. Malgré ma réaction positive à l'article, je veux faire une remarque sur le temps et l'éternité spinozistes et la « pré dé termi na tion » (dans le temps) différente de la « dé -ter mi na tion » et du « dé ter mi nis me » sous une espèce d'éternité.Cette remarque concerne la confusion qui s'établit souvent entre les notions de « dé ter minis me » et « dé ter mi né » et celles de « prédéter -mination » ou de « prédeterminé » qui font penser aux notions théologiques de « prédesti -nation » ou de « prédestiné ». Cette distinction est très importante pour une raison précise. Le déterminisme absolu de Spinoza -et celui auquel je me rallie -n'est pas une prédétermina -tion, car il ne se situe pas dans le temps, comme si les choses étaient écrites dans le passé, avant qu'elles n'arrivent. Les choses sont déter -minées « de toute éternité », c'est-à-dire de façon intemporelle, comme des vérités mathé -matiques. 2+2 = 4 est vrai de façon intemporelle. Cette notion d'éternité chez Spinoza est très importante. Elle fait l'objet d'une défini -tion particulière dans l'Ethique où elle est distinguée de la « durée » qui n'est pas autre chose que l'existence et du temps qui est la façon imaginée, en fait, illusoire, que nous avons de nous représenter la durée. Tout cela est une clé pour comprendre nos expériences à la fois du déterminisme et des choix. Grâce à la connaissance rationnelle, nous connaissons les choses « sous une espèce d'éternité » comme des véri -tés mathématiques, vraies en dehors du temps. Nous faisons en ce sens l'expérience de l'éter -nité, comme il le dit lui-même, ce qui ne veut pas dire l'expérience d'une vie qui continuerait indéfiniment, dans le temps, y compris après la mort. Par ailleurs, notre existence est tem po relle, bien que notre expérience du temps soit ellemême inadéquate, car très imprégnée "d'imaginé ». C'est en tant que nous nous percevons dans le temps que nous faisons l'expérience illusoire de choix libres orientés vers l'avenir. Ce point devrait être signalé, car il aide à résoudre la contradiction apparemment insurmontable entre notre connaissance du déterminisme et nos expériences de choix: elles ne se situent pas dans le même champ d'expériences par rapport au temps et à l'intemporel. Je crois l'avoir signalé moi-même, non seulement dans les « Etincelles de hasard" mais aussi dans « La science est-elle inhumaine ? » Tendo F. Bacon como pregoeiro, a Era Moderna passa a privilegiar a busca de um tipo de sa ber que gera uma forma de poder capaz de pro por cio nar ao homem crescente controle sobre a natureza. O poder intelectual deixa de se exercer apenas sobre as consciências, pela formação de mundividências, para se estender ao domínio dos fenômenos naturais. Desaparece a necessidade de invocar forças ocultas e propó -sitos divinos para te...
Abstract. We intend to put into question two fundamental principles adopted by critical rationalism. One of them, explicitly proposed by Popper, argues that what is valid in logic is also in psychology. And the other, tacitly espoused, implies that epistemological verdicts have metascientific authority and validity. Regarding the second, we hold the view that to the conclusions arrived at by epistemology should not automatically be conferred metascientific authority and validity. To acquire metascientific import such conclusions also need to be derived from the observation of the actual ways of producing scientific knowledge. The Hume-dependent manner with which Popper rejects induction exemplifies with emblematic strength the tendency to extend the conclusions of epistemology to philosophy of science. On one hand Popper endorses Hume's argument about the lack of epistemic justification for induction, on the other, disagrees with the humean view that induction is routinely employed and should, therefore, be seen as a human or animal fact. Popper departs from Hume to argue that induction is not even a way of thinking; therefore, it can be employed neither by the layman nor by the scientist. Also in defense of the thesis that induction does not exist, Popper gives primacy to epistemology. More than an epistemological thesis, the theory that decrees that induction is not even a psychological fact requires empirical confirmation. For Popper being right, it is necessary to verify the theory that our minds always operate according to the model from the top down. And psychology not even provides the corroboration of Popper's thesis.Keywords: Induction; epistemic justification; epistemological imperative; psychological fact.Some of the greatest achievements in philosophy are failed experiments. One form of such experiments is to take some concept very dear to us and construct a theory without using it. Popper drops induction, Quine drops meaning. The result does not convince us in the end.( NEWTON-SMITH 1981, p.20) A dependência da filosofia da ciência de Popper à epistemologia de HumePartindo da pergunta "forneceu Bacon alguma justificação lógica para os princípios e métodos que ele formulou e que os cientistas adotam e usam?", Broad (1952, p.142-3) afirma que Bacon nunca vislumbrou a necessidade de fazê-lo. Por meio Principia 17(2): 275-300 (2013).
El escritor sirio-chileno Benedicto Chuaqui es la figura de mayor renombre de entre los escritores árabes inmigrados a Chile. Su producción literaria ha sido encomiada en el panorama nacional de las letras chilenas y distinguida por los grandes comentaristas del Mahyar, de la literatura árabe en América. Con el objetivo de estudiar los rasgos más importantes de su profusa carrera, señalamos su talante como pensador, su labor en la divulgación de la cultura árabe y su relación con su patria siria. Incluimos, a modo de ilustración, dos fragmentos de su producción ensayística, traducidos del árabe al español. Por último, se establece una relación bibliográfica de sus obras.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.