The lower valley of Jaguaribe has registered, since the XXI century, the arrival of transnational and regional companies, which led to deep transformations in this region. The increased use of the pesticides is one of the most important ones, being able to cause alterations in human procreation and leading to congenital deformations, besides premature birth and low weight newborns. This article is an ecological study related to the period from 2000 to 2010 in the population of some cities in the state of Ceará, and it was divided in two parts: the first one, a draft of historical series of morbidity and mortality databases and trend verification performed by a simple linear regression; the second one comprehends the calculation of the ratio of rates between cities that are highly exposed to pestiides and the cities selected for comparison, with history of little use of these substances. There was statistically considerable growth tendency (p = 0.026) in the number of hospitalized people with neoplasms. Analyzing the ratios of the rates in these same indicators, it is observed that the rates of hospitalized people with neoplasms were 1.76 times higher in the studied cities than in control cities (p < 0.0010). With regard to to fetal deaths, a statistically considerable increase was observed (p < 0.05) as to the mortality rates in the studied cities. Results suggest there was higher morbidity and mortality caused by neoplasms in the cities with broader use of pesticides, which could be influenced by production, environmental and social transformations associated to the process of deterritorialization induced by the expansion of the agricultural modernization over the morbidity and mortality profile of the population of lower Jaguaribe. This process is a reflex of the production chemical-dependent model adopted by the agribusiness companies, expanding the vulnerability of the country side population.
RESUMO Partiu-se do óbito de trabalhador em empresa transnacional por hepatopatia causada por agrotóxicos, para debater limites do paradigma biomédico que orienta as ações do Sistema Único de Saúde. Com base no enfoque socioambiental crítico e transformador, busca-se alargar a compreensão desta e de outras mortes de trabalhadores, 'incluídos' por meio do emprego precarizado e desigualmente protegidos pelas políticas públicas. Caracteriza-se, então, um processo de vulnerabilização mediado pelo Estado neoliberal e tensionam-se as bases teórico--metodológicas da saúde coletiva para avançar em uma perspectiva crítica e emancipatória, em diálogo com os saberes de outros sujeitos epistêmicos e políticos. PALAVRAS-CHAVE
Com 65 milhões de anos, os Cerrados constituem-se de intensa biodiversidade, que tem relação com sua abundância em águas e a dinâmica do ciclo hidrológico, perenizando rios de seis das oito regiões hidrográficas do país e transbordando suas águas para outros países do subcontinente americano. O bioma abriga diversos povos e comunidades tradicionais que constituíram modos de vida e saberes ancestrais. Nas últimas décadas, o Estado vem implementando nesse território políticas de desenvolvimento subordinadas ao neoextrativismo e à acumulação por espoliação de grandes corporações. Assim, os Cerrados têm sido invadidos pela expansão do agronegócio, que resultam em intensa conflitividade no bioma, além de tentar exterminar os modos de vida dos diferentes povos. Foram reunidas informações e análises para caracterizar o Ecocídio dos Cerrados, onde mais de 110 milhões de hectares do bioma estão ocupados pelo agronegócio – com área plantada para produzir 75% das commodities soja-cana-milho-algodão cultivadas no Brasil e as áreas de pastagem destinadas à produção de carne bovina. Isso implica na destruição de 52% da vegetação nativa e no consumo de 91,8% das águas superficiais e subterrâneas usadas na irrigação por pivôs centrais, resultando na migração de nascentes, na interrupção dos fluxos dos rios e na redução dos volumes dos aquíferos, como se aprofunda na análise dos conflitos em curso no oeste da Bahia e na bacia dos rios Formoso e Javaés/TO. A isso, somam-se os impactos do uso intensivo de agrotóxicos sobre todas as formas de vida – são mais de 600 milhões de litros de venenos anualmente, concentrando 73,5% do total de agrotóxicos consumidos no país em 2018, sobre a saúde humana resulta em taxas de intoxicação exógena e câncer infanto-juvenil nos Cerrados maiores que as médias nacionais. Os Cerrados caracterizam-se como zona de sacrifício do desenvolvimento brasileiro, em que natureza e povos são saqueados para garantir a acumulação de poucos, num processo de Ecocídio que é o produto moderno-colonial racista no bioma.
O agronegócio, modelo produtivo hegemônico no Brasil e em diversos países do Sul Global, tem se expandido, nas últimas décadas, atrelado a numerosos impactos à saúde humana e ao ambiente. Na Chapada do Apodi (CE), as comunidades têm sido encurraladas por grandes empresas de fruticultura irrigada, algumas delas de capital transnacional, que utilizam um enorme volume de fertilizantes químicos e agrotóxicos em suas plantações, afetando não somente os(as) trabalhadores(as) dessas empresas, como também os(as) moradores(as) que vivem no entorno desses empreendimentos. A partir da apresentação dos principais estudos e pesquisas realizados no território da Chapada do Apodi sobre os impactos do agronegócio à saúde humana e ao ambiente, com ênfase para uma pesquisa que investigou as relações entre exposição aos agrotóxicos e o nascimento de crianças com más-formações congênitas e puberdade precoce na comunidade de Tomé, discute-se os processos de desterritorialização e vulnerabilização, engendrados pelo agronegócio, que são responsáveis pelos desequilíbrios no processo saúde-doença dos sujeitos locais. Por meio de um referencial teórico crítico, é construída uma reflexão sobre os contextos macroestruturais de dominação do capital, nos últimos anos representado pelo neoextrativismo, e a perpetuação de uma colonialidade do ser, do saber e do poder. O resgate dos saberes dos povos originários, como o Buen Vivir, e a busca diversa e coletiva por caminhos de emancipação traz pistas para superar essas assimetrias e injustiças, numa perspectiva decolonial.
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