Women and Football in Brazil: Discontinuities, Resistance, and Resilience

Abstract

Este texto tem como objetivo apresentar o dossiê temático que analisa a presença das mulheres no futebol. Para tanto, contempla uma breve contextualização sobre a modalidade no contexto brasileiro, conferindo ênfase ao protagonismo das mulheres que, em diferentes tempos e espaços, elaboraram estratégias para viver o futebol. Evidencia ainda que sua prática é profundamente atravessada pelas questões de gênero, o que pode ser identificado nos demais textos que integram o dossiê e que revelam, de modo indelével, que este atravessamento é transnacional.

Nos armários dos vestiários: uma leitura do podcast produzido pela feel the match e veiculado pelo globo esporte

“…O que está sendo julgado não é a capacidade técnica, mas a aparência. Tais representações sobre a atleta/jogadora de futebol são construções sócio-históricas e que cada vez mais vêm sendo palco de estudos no sentido de compreender como essas mulheres em diferentes tempos e espaços vivem esse esporte (GOELLNER, 2005a;GOELLNER, 2021).…”

O futebol de mulheres na imprensa brasileira na década de 1990 = El fútbol de mujeres en la prensa brasileña de la década de 1990 = Women’s soccer in the 1990’s Brazilian press

“…mulheres por parte de seleções nacionais ainda era incipiente no mundo todo (Goellner 2021 Nesse sentido, os jornais indicavam que a ascensão do futebol como prática profissional entre as mulheres, mesmo em um contexto internacional, também era incipiente. No caso brasileiro, a seleção feminina já participava de competições mundiais -ainda que sem o respaldo necessáriobuscando por mais visibilidade, sobretudo, em relação ao futebol masculino, que contava com distinto apoio.…”

“…A década de 1990 foi particularmente relevante para o desenvolvimento do futebol de mulheres em termos internacionais (Goellner 2021; Hofmann e Sinning 2016; Onwumechili 2011), pois neste período ocorreram eventos significativos para esse esporte, como a realização da 1ª Copa do Mundo de Futebol Feminino, a formação da primeira seleção de mulheres pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) -ambas em 1991 -, além da inserção da modalidade nos Jogos Olímpicos 1996, realizados em Atlanta, nos Estados Unidos. Tais fatos demandaram uma institucionalização do futebol de mulheres no país, bem como a participação e a organização de eventos esportivos nacionais e internacionais (Goellner 2021). Um futebol que compreendeu as mais diversas práticas em distintos espaços, ocorreu nos campos, nas quadras e nas praias, contextos que envolveram jogadoras que faziam ou fizeram parte da seleção e, consequentemente, ajudaram a constituir a base daquela equipe.…”

Aqueles gramados acolhedores - Memórias futebolísticas de um processo de construção de identidade social

“…Estas alegorias da prática futebolística alegre e encantadora não resistem a outros fenômenos sociais que o futebol também impulsiona. Assim, igualmente entram em campo (e nas arquibancadas) as questões de gênero, no qual conceitos como resistência e resiliência são importantes para explicar a presença das mulheres neste universo tão propenso a desenvolver práticas machistas (Goellner, 2021). Também é importante mencionar as tensões do futebol em relação a sexualidades, pois as manifestações de homofobia são muito comuns em estádios, a ponto de serem banalizadas e consideradas mais como algo folclórico e satírico do que uma manifestação de ódio e preconceito Mendonça, 2021).…”