Resumo: Quando um jovem desempregado e recém-formado se dá conta de que ele e seu macaco de estimação são os únicos seres do sexo masculino na Terra se inicia a narrativa da graphic novel Y: O Último Homem, de Brian K. Vaughan e Pia Guerra. Este cenário pós-apocalíptico serve como ponto de partida para analisar a representação e as relações de gênero presentes nas histórias em quadrinhos, temática que vem ganhando destaque na atualidade. A graphic novel serviu como corpus para se discutir a impossibilidade de uma narrativa única no que diz respeito às mulheres e suas identidades como personagens. Para isso, serão utilizadas as perspectivas de gênero a partir de Joan Scott e Judith Butler e as discussões sobre gênero e raça de bell hooks.Palavras-chave: Graphic Novel;; Gênero; Heroínas; Raça; Sexualidade.
Girl on girl: gender questions in Y: the last manAbstract: When a jobless and recently literature graduated realizes that he and his monkey are the only males on Earth begins the narrative of Y: e Last Man by Brian K. Vaughan and Pia Guerra. is post-apocalyptic scenario where women are protagonists of all relationships serves as a starting point for analyzing the representation and gender relations present in comic books, a subject that has been gaining prominence nowadays. e graphic novel was used as a corpus to discuss the impossibility of a unique story for women and their identities as characters. For this, will be used the gender perspectives from Joan Scott and Judith Butler and the discussions about gender and race from bell hooks.Keywords: Graphic Novel; Gender; Heroines; Race; Sexuality.
IntroduçãoApesar das graphic novels terem sua gênese ligada ao nome de Will Eisner, já havia a circulação de narrativas que misturavam um per l abertamente literário com autobiogra a nos séculos 19. Eisner é creditado por sua importância e por ter cunhado e divulgado o termo a partir da história Um contrato com Deus e outras histórias de cortiço (1995). Para Ramos & Figueira (2011), Eisner classi cou sua obra como um produto de arte, estabelecendo uma proximidade com as produções literárias, e afastando sua publicação das já conhecidas comics. A repercussão do livro contribuiu para que o termo graphic novel fosse adotado nas décadas seguintes e, atualmente, caracteriza edições produzidas em formato com acabamento luxuoso, voltado para o público adulto ou jovem adulto, que apresentam histórias alternativas à temática de super-herois, atingindo um patamar pretensamente literário. A crítica mais especializada admite que se trata também de um rótulo comercial usado para se referir a produções norte-americanas, mas que já tem alternativas vindas de outros países, inclusive produções brasileiras, que utilizam a linguagem dos quadrinhos para narrar histórias com arcos longos, que podem ser (auto)biográ cas e que possuem uma