Vulnerabilidade, família e o uso de drogas

Abstract

Os problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas é uma realidade na sociedade atual e revela a existência de diferentes fatores relacionados. Entre eles, destaca-se a condição de vulnerabilidade como importante elemento contribuinte para o uso abusivo, bem como a família, sendo entendida como fator de risco e/ou proteção e como sistema diretamente afetado pelo problema. Diante disso, este estudo teve como objetivo realizar uma revisão integrativa de literatura sobre a relação entre vulnerabilidade, drogas e contexto familiar. Para tanto, foi realizada uma busca por artigos nas bases de dados Scielo e BVS utilizando os descritores “vulnerabilidade AND drogas AND família” que rastreou um total de 105 artigos. Após a aplicação dos critérios de inclusão, restaram 22 artigos. Desses, sete envolveram adolescentes escolares, cinco pessoas em situação de rua e cinco familiares de usuários, quatro foram realizados com os próprios usuários de drogas e um com profissionais da saúde. Os resultados das análises dos estudos sugerem que a relação entre uso de drogas, família e condição de vulnerabilidade é intrínseca, sendo difícil analisá-los isoladamente. A compreensão do problema das drogas requer uma visão ampliada e sistêmica de todos os fatores envolvidos neste complexo processo para ser possível o planejamento e a qualificação das políticas públicas.

Grupo de apoio diante das necessidades da família do dependente químico

“…Nesse contexto, as famílias sofrem pela frustração, devido à intensa ligação afetiva e ao fato de se sentirem cobradas e culpadas pela sociedade como corresponsáveis pela educação que proporcionaram aos seus filhos; muitas vezes, consideram que não foram capazes de oferecer a proteção e o cuidado necessários e que, por isso, seu familiar desencadeou a doença 3 . Assim, a família constrói crenças ao longo do tempo e das gerações -as quais têm importante influência sobre o funcionamento familiar -e as compartilha entre seus membros.…”

Cuidado às mulheres em centro de atenção psicossocial álcool e drogas: evidências científicas e influências das conjugalidades

“…No complexo contexto de uso problemático de drogas feito pelas mulheres, as redes de relacionamentos são frequentemente apontadas como fatores potencialmente de risco e/ou proteção para o consumo. Como fator de risco, entendem-se condições e/ou circunstâncias que deixam o sujeito mais vulnerável aos problemas relacionados ao uso; por outro lado, como fator de proteção, está o conjunto de condições para que o sujeito, mesmo tendo contato com a droga, consiga se proteger e não fazer o uso prejudicial (Borges et al, 2017).…”

“…Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-ad). Por consequência dos determinantes sociais de gênero, dos fatores condicionantes para o uso de substância por mulheres e da literatura supracitada, pode-se levantar a hipótese de que há uma fragilização das relações conjugais em diversas ordens, gerando experiências no tocante à manutenção do consumo de substância, padrões de relacionamentos violentos, pobre configuração de outras redes de apoio e suporte, e barreiras na engrenagem do tratamento quando estas buscam os serviços de saúde (Borges et al, 2017). Tais determinantes sinalizam para o uso/continuidade do consumo de drogas, revitimização e exclusão social das mulheres (Dietz;Hildebrandt;Leite, 2011;Teixeira;Lasiuk;Barton;Fernandes Gherardi-Donato, 2017).…”

“…No âmbito das políticas de cuidado aos usuários de drogas, foi estipulada a Política Nacional de Álcool e Outras Drogas, em 2003, cujos direitos às pessoas acometidas por transtornos mentais incluindo as que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas passam a ser direcionadas para uma nova perspectiva de assistência, promovendo a integração e reinserção social desses sujeitos dentro serviços substitutivos de atenção psicossocial e de atenção básica, nos diferentes pontos de atenção do SUS e no desenvolvimento de estratégias de tratamento a partir da Redução de Danos (Costa, 2020;Brasil, 2004). O propósito é oferecer às pessoas que fazem consumo nocivo de substâncias psicoativas atendimentos através de atividades terapêuticas, coletivas e preventivas, dentre estas destacam-se: prestar atendimento diário aos usuários dos serviços dentro da lógica de redução de danos, gerenciar os casos por meio de Projetos Terapêuticos Singulares, articular a assistência entre os diferentes dispositivos de saúde através da compreensão holística do sujeito e orientar trabalhos para melhora da qualidade de vida, incluindo a aproximação com a história de vida dos usuários, as situações de vulnerabilidade, violências e os âmbitos das redes de sociais (Borges;OMore;Krenkel;Schneider, 2017;.…”