1998
DOI: 10.1590/s0104-59701998000400008
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Visões do deserto: selva e sertão em Euclides da Cunha

Abstract: Euclides da Cunha abordou duas regiões tidas como pouco propícias ao homem: o sertão baiano e a selva amazônica. Escreveu, em 1897, reportagens sobre a guerra de Canudos para O Estado de S. Paulo e publicou, em 1902, Os sertões. Fez, em 1905, expedição de reconhecimento do Alto Purus e redigiu os ensaios sobre a Amazônia, reunidos em Contrastes e confrontos (1907) e em À margem da história (1909). Recorreu, em seus escritos sobre Canudos e a Amazônia, à imagem do deserto para caracterizar a selva e sertão como… Show more

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“…Entre o conhecido e o desconhecido, o que se viu e aquilo do que se ouviu falar, ao longo do tempo, artistas e intelectuais apropriam-se dos modelos que lhes oferecem as referências estrangeiras sobre a vida natural no continente americano como parâmetro de legibilidade que muitas vezes é rasurado pelo contato com uma realidade que desestabiliza concepções preestabelecidas. Algo como o que acontece com Euclides da Cunha ao viajar pelo rio Amazonas -a decepção que experimenta em sua primeira impressão resulta do desacordo entre o que encontra e aquilo que imaginara a partir das leituras: "Na viagem para Manaus, desapontou-se ao entrar no rio Amazonas, que não correspondia ao ideal que concebera a partir das 'páginas singularmente líricas' de Humboldt e outros exploradores, como Frederick Hartt e Walter Bates" (VENTURA, 1998). Diante da frustração das expectativas, o viajante resolve recorrer novamente aos livros a fim de poder resolver o impasse.…”
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“…Entre o conhecido e o desconhecido, o que se viu e aquilo do que se ouviu falar, ao longo do tempo, artistas e intelectuais apropriam-se dos modelos que lhes oferecem as referências estrangeiras sobre a vida natural no continente americano como parâmetro de legibilidade que muitas vezes é rasurado pelo contato com uma realidade que desestabiliza concepções preestabelecidas. Algo como o que acontece com Euclides da Cunha ao viajar pelo rio Amazonas -a decepção que experimenta em sua primeira impressão resulta do desacordo entre o que encontra e aquilo que imaginara a partir das leituras: "Na viagem para Manaus, desapontou-se ao entrar no rio Amazonas, que não correspondia ao ideal que concebera a partir das 'páginas singularmente líricas' de Humboldt e outros exploradores, como Frederick Hartt e Walter Bates" (VENTURA, 1998). Diante da frustração das expectativas, o viajante resolve recorrer novamente aos livros a fim de poder resolver o impasse.…”
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“…Retificou tais visões até formar seu próprio conceito da Amazônia como "paraíso perdido", página incompleta do Gênesis, cuja criação ainda não se concluíra. (VENTURA, 1998) Sem dúvida, a atitude do literato tem direta relação com uma configuração da viagem como parte de sua formação literária e, enquanto tal, etapa importante na sua produção intelectual (DAFLON, 2010). Contudo, são muitas as tensões e multiplicidades implicadas no processo de representação da natureza do ponto de vista do artista e estudioso que, nascido sob o legado colonial, se vê inclinado a assumir paradigmas de leitura que são alheios, muitas vezes, à sua condição e realidade.…”
Section: Um Espaço-tempo Polissêmicounclassified
“…Em outras palavras, ela seria apreensível racionalmente e regida por leis. Se a razão era um atributo próprio aos sujeitos europeus (sobretudo homens e brancos), aos climas temperados e à civilização, apenas ao lado da irracionalidade, da barbárie e da selvageria poderia estar o Novo Mundo e, consequentemente, a floresta e os sujeitos que viviam em clima tropical (Ventura, 1991).…”
Section: Euclides Da Cunha Na Amazôniaunclassified
“…Parafraseando Ventura (2003), na epígrafe que abre este texto, para Euclides da Cunha "viajar era de certa forma escrever". Desde seus primeiros escritos, o autor parecia querer dizer que, para escrever sobre o Brasil, era preciso estar 'em' viagem.…”
unclassified
“…(Azevedo, 1950, p. 27) Se iniciamos a leitura da obra através de um mapa, o "Esboço Geológico", isso não é fortuito. Euclides teria adotado, para Ventura (1998), "o ponto de vista do viajante em movimento, que dá expressão artística ou científica à paisagem", em diálogo "com a tradição dos relatos de viagem e das expedições científicas". 205 Segundo Santana (1998),…”
Section: Os Sertões (1902) -A Intervenção De Uma "Tecnografia" Própriaunclassified