Estas notas são uma condensação da produção de autores brasileiros sobre a vida intelectual no país. Condensação no sentido de espessamento, já que toma as contribuições estabelecidas e as organiza sob uma perspectiva determinada, tensionando-as a partir de questões que não necessariamente estiveram presentes no horizonte de preocupações de seus autores. Não é, por isso, uma resenha, menos ainda um panorama completo da bibliografia concernente ao tema, cuja seleção deixou de lado trabalhos relevantes, em nome da economia do modelo narrativo proposto. Há, pois, perdas registráveis na extensão e no aprofundamento dos argumentos mobilizados. Contudo, a compactação de idéias já amplamente assentadas nessa área de estudos permite ver mais claramente suas propostas e implicações, rearticulando-as no contexto de um debate sobre a inteligência brasileira que, se não é novo, tem sido extraordinariamente refrescado pelas mudanças estruturais em curso.A perspectiva que sustenta, como alicerce oculto, a concepção deste artigo refere-se à dimensão pública da atividade intelectual no Brasil, o que o põe em diálogo, e, ao mesmo tempo, o diferencia de trabalhos que costumam apontar o declí-nio do intelectual público em contextos de forte institucionalização universitária (Posner, 2001;Jacoby, 1990). Assim, o foco nas questões relativas às formas de organização do exercício intelectual no Brasil ao longo da sua trajetória de moderniza-