RESUMOO presente artigo apresenta ao leitor as principais indicações de ventilação mecânica assistida em crianças e as principais modalidades existentes, além de trazer orientações para o ajuste dos parâme-tros iniciais de ventilação de acordo com a indicação e listar as principais complicações relacionadas à ventilação mecânica e seu tratamento imediato.
Palavras
Simpósio: EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICASCapítulo III
186Medicina (Ribeirão Preto) 2012;45(2): 185-96 http://www.fmrp.usp.br/revista Carmona F. Ventilação mecânica em crianças e o edema pulmonar cursam com diminuição da complacência pulmonar.
C = ∆V / ∆P (Equação 1)Onde: C= complacência pulmonar, ∆V= variação de volume, ∆P= variação de pressão.Resistência (R) é a dificuldade na passagem do ar pelas vias aéreas, podendo ser definida como a variação de pressão (∆P) necessária para produzir determinado fluxo (Q) (Equação 2). Doenças como a asma, a bronquiolite e a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) cursam com aumento da resistência das vias aéreas. 1
R = ∆P / Q (Equação 2)Onde: R= resistência da via aérea, ∆P= variação de pressão, Q= fluxo de gás.
Constante de tempo (CT)é o tempo necessário para que ocorra equilíbrio de pressões entre a via aérea e os alvéolos. Equivale ao produto da resistência pela complacência (Equação 3). Em um recém-nascido normal, seu valor aproximado é de 0,15 segundos, enquanto que no adulto normal é de 0,30 segundos. Em geral, 1 CT equilibra 63% dos alvéolos, 3 CT equilibram 95% dos alvéolos e 5 CT equilibram 99% dos alvéolos. Por isso, em geral, o tempo inspiratório deve ser ajustado para 3 a 5 CT, o que equivale a 0,45 segundos em recém-nascidos e 1 segundo em adultos.
CT = R × C (Equação 3)Onde: CT= constante de tempo, R= resistência da via aérea, C= complacência pulmonar.Trabalho respiratório é o esforço feito pelo paciente para vencer a complacência e a resistência do aparelho respiratório. Assim, patologias que reduzem a complacência ou aumentam a resistência do aparelho respiratório causam aumento do trabalho respiratório, levando ao aumento da frequência respiratória e uso da musculatura acessória. 2 O volume de ar que entra e sai dos pulmões a cada ciclo respiratório chama-se volume corrente (VC). 2 Em pessoas normais varia de 6 a 8 mL/kg de peso. A capacidade residual funcional (CRF) é o volume de ar que permanece dentro dos pulmões ao final da expiração normal. É determinada por duas forças opostas: a força elástica dos pulmões que, no fim da expiração favorece o colapso pulmonar, e a força elástica da caixa torácica que, no fim da expiração favorece a expansão pulmonar.1 Volume de fechamento pulmonar (VFP) é o volume pulmonar a partir do qual começa a haver colapso das unidades alveolares. Em adultos, a CRF é maior do que o VFP. Assim, condições que aumentem o VFP ou reduzam a CRF levam a colapso pulmonar e atelectasia. Em crianças, ao contrário dos adultos, a CRF é menor do que o VFP, o que explica a maior propensão destes pacientes à formação de atelectasias.3 A pressão positiva expiratória final (PEEP), usada dura...