“…A escassez de pesquisas relativas à América Portuguesa facilita a criação de anacronismos sobre as literaturas dos séculos XVI ao XVIII, através de um lugar-comum generalizante em relação às práticas letradas coloniais. Em contraponto, e seguindo a linha de pesquisadores como Hansen (2006a), Sinkevisque (2013) e Santos (2018), pretendemos analisar o poema épico de Bento Teixeira Prosopopeia (1601), considerando que a representação letrada da América Portuguesa se deu em retomada aos ditames da instituição retórica, cuja durabilidade se deu desde o "tempo de Platão e Aristóteles até a revolução romântica na segunda metade do século XVIII" (HANSEN, 2012, p. 159). Lançando o olhar aos estudos sobre Recepção, realizaremos a leitura do poema seiscentista destacando a retomada de uma figura retórica específica, a êcfrase -isto é, uma descrição detalhada e vívida que expõe aos olhos o que é descrito -, a partir da noção de que, conciliada à narrativa das proezas de Jorge de Albuquerque Coelho, a quem o poema é dedicado, a êcfrase, como artifício retórico, aproxima os escritos da audiência, de forma a estimular seu páthos 3 , mediante a representação imagética dos elementos da narrativa.…”