Uso de plantas medicinais entre universitários no Vale do Ribeira

Abstract

Identificar o uso de plantas medicinais entre estudantes universitários dos cursos de ciências da saúde no Vale do Ribeira. Estudo exploratório, descritivo, transversal, de abordagem quantitativa, realizado com alunos do último ano dos cursos de bacharelado em enfermagem, fisioterapia, farmácia e nutrição. Foram coletadas informações sociodemográficas e sobre o uso de plantas medicinais. Participaram no estudo 76 alunos, sendo 38,2% do curso de enfermagem, 28,9% de fisioterapia, 19,7% de farmácia e 13,2% de nutrição. Os participantes caracterizam-se por serem predominantemente do sexo feminino, com idade < 25 anos, que alegaram não fazer o uso de plantas medicinais e desconhecerem a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares. Em sua maioria, acreditam na eficácia das plantas medicinais no tratamento de doenças e mais da metade relataram que durante a graduação o tema “plantas medicinais” não foi abordado em aulas, eventos e/ou outras atividades acadêmicas. O boldo foi à planta mais consumida entre os estudantes, com a finalidade para tratar enjoo, mal-estar, dor de barriga, digestão e dor no fígado. Embora os estudantes tenham informado acreditar no efeito terapêutico das plantas medicinais, mais da metade relataram não fazer o uso. Neste contexto, é fundamental a ampliação em discussões sobre o tema no contexto acadêmico, visto que, pode refletir na atuação dos futuros profissionais, principalmente daqueles inseridos na Atenção Primária.

Conhecimento de Produtos Naturais na Prática de Estudantes de Medicina

“…Apesar do uso de produtos naturais ser uma prática recomendada na Atenção Básica à Saúde por meio das PNPIC, Rodrigues et al 10 atribuem que a baixa adesão na prescrição de fitoterápicos parece estar associada ao conhecimento insuficiente sobre o assunto. Nunes et al 11 reporta que a prescrição de fitoterápicos por profissionais da saúde na atenção básica ainda é discreta, resultando em um uso, por prescrição, tímido das plantas medicinais.…”

“…O estudo descritivo com os estudantes de medicina evidenciou que o uso de fitoterápicos, em sua maioria, ocorreu entre os universitários do sexo feminino, resultado semelhante ao encontrado por Nunes et al 11 . No presente estudo, apenas 20% dos acadêmicos responderam que usam frequentemente, enquanto 55,6% usam raramente e 24,4% não fazem nenhum uso, ou seja, 75,6% dos estudantes já utilizaram os produtos naturais, observa-se que no estudo de Marcelino et al 12 também predominam os acadêmicos que já relataram ter usado alguma planta medicinal ou derivado (68,7%).…”

“…No presente estudo, apenas 20% dos acadêmicos responderam que usam frequentemente, enquanto 55,6% usam raramente e 24,4% não fazem nenhum uso, ou seja, 75,6% dos estudantes já utilizaram os produtos naturais, observa-se que no estudo de Marcelino et al 12 também predominam os acadêmicos que já relataram ter usado alguma planta medicinal ou derivado (68,7%). Um ponto relevante a ser considerado é o fato de que na pesquisa de Nunes et al 11 , foi observado que, além dos estudantes afirmarem o uso, a maioria acredita no seu efeito terapêutico e sugere o consumo para terceiros. Na pesquisa isso pode ser percebido pelo fato de que quando questionados se alguém de suas famílias utilizam fitoterápicos, plantas medicinais ou produtos naturais, 71,1% afirmaram que sim e com frequência, podendo haver uma forte influência para e de terceiros.…”

“…Em relação às plantas medicinais e produtos naturais, os mais citados pelos estudantes foram: mel (88,9%), babosaaloe vera (82,2%), própolis (80%) e hortelã (73,3%). Parte desses achados também corroboram com os encontrados no estudo de Nunes et al 11 sobre o uso de plantas medicinais entre universitários no Vale do Ribeira, em que os universitários citam a hortelã como uma planta amplamente utilizada por eles. É interessante que esse estudo mostra não apenas as principais plantas medicinais utilizadas pelos universitários, mas também a frequência com que são utilizadas, e entre os entrevistados há relatos de pessoas que utilizam diariamente.…”

“…Além disso, notamos que apenas 60% dos discentes estudaram na faculdade algum conteúdo relacionado a plantas medicinais, fitoterápicos e produtos naturais, mesmo que 80% já tenham atendido pacientes que utilizam tais produtos, o que confirma que a maioria dos estudantes de medicina obtém conhecimento em relação a estes produtos naturais através da tradição familiar e do conhecimento popular/comunitário. Essa característica também foi observada em um estudo realizado em Belo Horizonte -MG, com discentes da área da saúde, onde prevaleceu a aquisição de conhecimentos sobre as plantas medicinais através de familiares 11 .…”