“…A este propósito, é conveniente recordar que em Portugal, existem 827.000 cuidadores e cuidadoras informais, ou seja, cerca de 8% da população, 25% dos quais (aproximadamente 200.000) a tempo inteiro (Eurocarers, 2019), sendo estes essencialmente mulheres (Alves et al, 2020;Moreira, 2020 Não obstante, é preciso referir que o processo natural de envelhecimento faz-se acompanhar, em regra, de um período de fragilidade decorrente da existência de doenças crónicas e/ou episódios extemporâneos levando a maior dependência de terceiros, transferindo para o espaço doméstico maior pressão naquilo que tem de ver com o ato cuidativo e/ou a procura de cuidados formais. Neste sentido, a solidariedade familiar que pretenda garantir um cuidado ótimo requer não apenas disponibilidade de tempo, de recursos económicos, de infraestruturas domiciliares adaptadas, de apoios estatais e institucionais complementares (e.g., Serviço de Apoio Domiciliário), de regulamentação laboral (e.g., flexibilização ou redução de horário laboral, gozo de licenças, entre outros), mas também de reconhecimento (e.g., social), conhecimento e habilidades técnicas básicas de saúde (Alves et al, 2020;Pimentel, 2012). Nesta medida, a necessidade de cuidados formais, tal como comprovámos na Tabela 3, tem grande impacto na institucionalização da pessoa idosa, desde logo porque, como comprovou Alves et al (2020), existe pelo menos quatro necessidades não atendidas pelos cuidadores informais: (a) a necessidade de apoio financeiro; (b) a necessidade de apoio do cuidador corresponde ao nível do cuidador familiar/informal; (c) a necessidade de atenção primária/especialidades médicas; e (d) a necessidade de regulação do trabalho corresponde ao nível do modelo das políticas nacionais.…”