Entre Elias e Eliseu, provavelmente os mais conhecidos dentre os profetas "não escritores" pré-clássicos, ocorre uma sucessão profética, descrita em 2Rs 2,1-25; e 2Rs 1-2 apresenta ainda uma transição narrativa, onde dois ciclos de histórias se encontram. Estes dois ciclos têm sido, com raras exceções, trabalhados de forma independente pela pesquisa exegética. A presente tese, porém, parte da hipótese de que há uma bem pensada sucessão dos dois ciclos, de modo que 2Rs 1,1-18 tem uma significativa função para a unidade de 2Rs 1-2 em torno da sucessão profética, e que, por conseguinte, há relações intrínsecas de continuidade/descontinuidade entre os ciclos destes dois profetas. Mas a principal hipótese a ser trabalhada, e que não recebeu nenhuma consideração por parte dos estudiosos, é a de que não somente 2Rs 2,1-25, mas 2Rs 1,1-18 pertence ao ciclo de Eliseu. Metodologicamente entende-se como adequada, para tal investigação, a conjugação do Método Histórico-Crítico com a Análise Narrativa. A articulação temática permite, mediante a Análise Narrativa, ampliar ao máximo as conexões já percebidas pelo Método Histórico-Crítico; e se a Análise Narrativa mostra como 2Rs 1,1-18 e 2Rs 2,1-25 se articulam entre si, o Método Histórico-Crítico evidencia que essa articulação proposta pelo narrador implícito não "obscurece" o caráter independente de cada narrativa. O uso conjunto das duas metodologias proporciona, além do debate sobre os ciclos de Elias e de Eliseu, uma apreciação do caráter de ambos os profetas, a qual permite uma comparação entre as figuras de Elias e Eliseu enquanto no exercício do ministério profético, e pastoralmente aponta para um caminho do pacifismo e do rompimento com toda manifestação de violência e intolerância.