A história dos primeiros anos da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) -sobretudo do período que se estende de sua criação, em 1959, ao golpe de 1964 -revela parte importante do debate intelectual e político que envolveu o auge e a crise do nacional-desenvolvimentismo no Brasil. Muitos autores já se dedicaram a esse tema 1 , ao qual retorno neste artigo a partir da análise da trajetória de dois personagens que viveram de forma intensa aqueles anos: o economista Celso Furtado, mentor e líder natural da chamada Operação Nordeste, que deu origem à Sudene, e o então recém-formado sociólogo Francisco de Oliveira, integrante do primeiro grupo de servidores da Superintendência. Nos escritórios desse órgão, no Recife, * Este artigo apresenta de forma resumida alguns resultados de pesquisa de doutorado em Sociologia (Mendes, 2015). Agradeço à Capes e à Fapesp pela concessão de bolsas que permitiram a realização deste trabalho.1 Entre esses trabalhos, dois dos mais importantes foram escritos por Celso Furtado e Francisco de Oliveira. Do economista, destaca-se o livro A fantasia desfeita (Furtado, 1989). Do sociólogo, o ensaio Elegia para uma re(li)gião (Oliveira, 2008). Também são referências para este trabalho as obras de