Uma proposta de atendimento psicossocial grupal com pais e mães separados

Abstract

A literatura científica aponta para diversos formatos de grupos de apoio às famílias separadas, apresentando similaridades e diferenças no que se refere ao público alvo e características das intervenções. Este artigo tem como objetivos propor uma metodologia de intervenção psicossocial grupal com pessoas em situação de separação conjugal de baixa renda que possuam filhos pequenos e analisar as conversações grupais sob o prisma da distinção entre parentalidade e conjugalidade. Utilizou-se como método a pesquisa-ação no contexto universitário e psicossocial de clínica-escola de Psicologia e dois pais e uma mãe participaram dos sete encontros grupais, onde foram discutidos os temas conjugalidade, parentalidade, comunicação, transgeracionalidade e redes sociais, entre outros. A partir da análise temática, os resultados demonstraram que o contexto psicossocial grupal contribuiu para a diferenciação entre os papéis conjugais e parentais, porém o relacionamento coparental se mostrou enfraquecido. A fim de ampliar a participação em metodologias semelhantes, sugere-se investimento em parcerias entre pesquisadores, profissionais e programas que atuem com essa população, bem como a diminuição da quantidade de encontros associada a intervenções mais voltadas à parentalidade e menos à conjugalidade.

Divórcio, fim ou recomeço? Avaliações e percepções frente às Oficinas de Parentalidade

“…Contudo,..nem..todos..os..genitores..conseguem dissociar a conjugalidade da parentalidade e minimizar os conflitos advindos do rompimento conjugal, o que prejudica a coparentalidade e pode vir a repercutir negativamente na manutenção dos vínculos parentais entre pais e filhos após a dissolução conjugal (KOSTULSKI et al, 2017). A distinção entre conjugalidade e parentalidade é um desafio para o exercício da parentalidade; por vezes, os genitores, mesmo que não intencionalmente, envolvem os filhos em suas disputas, o que pode propiciar conflitos de lealdade e práticas alienantes, dificultando a construção da coparentalidade e a continuidade das relações parentais (SILVA; CHAPADEIRO;..ASSUMPÇÃO,..2019;..SILVA; CHAPADEIRO; SILVA; 2020).…”

“…A distinção entre conjugalidade e parentalidade é um desafio para o exercício da parentalidade; por vezes, os genitores, mesmo que não intencionalmente, envolvem os filhos em suas disputas, o que pode propiciar conflitos de lealdade e práticas alienantes, dificultando a construção da coparentalidade e a continuidade das relações parentais (SILVA; CHAPADEIRO;..ASSUMPÇÃO,..2019;..SILVA; CHAPADEIRO; SILVA; 2020). Assim, ações com pais e mães no sentido de minorar os resquícios do conflito conjugal e estimular a relação coparental visando a preservação dos vínculos afetivos entre os genitores e seus filhos devem ser estimuladas (KOSTULSKI et al, 2017).…”

“…2021 ou subsistemas, ou seja, cada membro está interligado, fazendo com que a mudança de um acarrete mudanças nos outros. Assim, a vivência da dissolução conjugal afetará não somente o casal, mas sim, todos os que fazem parte do sistema familiar, inclusive as crianças e adolescentes, podendo gerar tanto afastamentos, quanto aproximações entre pais e filhos, a depender da dinâmica estabelecida pelo ex-casal e da maneira como administram seus conflitos (JURAS; COSTA, 2018;MENDES et al, 2016;MINUCHIN;COLAPINTO;MINUCHIN, 2011;..CREPALDI,..2018;.…”

“…Nesse sentido, a qualidade da relação coparental, ou seja, a coparentalidade desempenhada pelos genitores para com seus filhos, se configura como um importante aspecto preditor de conflitos de lealdade e particularmente de triangulação dentro de um sistema familiar (SILVA; CHAPADEIRO; SILVA, 2020). A coparentalidade diz respeito à negociação e articulação conjunta dos genitores em coordenar suas responsabilidades no que se refere ao cuidado, formação, desenvolvimento e proteção dos filhos, bem como seus valores, ideais e expectativas de maneira equilibrada (BÖING;CREPALDI, 2016;KOSTULSKI et al, 2017 RIBEIRO, 2016). Comportamentos alienantes, possuem maiores probabilidades de ocorrer em meio aos processos litigiosos de divórcio e são considerados um tipo de violência praticada contra crianças e adolescentes, podendo acarretar sérias consequências psíquicas e transtornos psicopatológicos..nos..envolvidos..(CATENACE; SCAPIN, 2018; LEITE; OLIVEIRA NETA, 2016).…”