O ensaio de Raimundo Nina-Rodrigues, A paranoia nos negros: estudo clínico e médico legal (1903) vem sendo republicado em três partes, em números consecutivos da RLPF. Na primeira parte (junho de 2004), o autor nos apresentou uma revisão sobre a "Existência da paranóia nos negros" e sobre sua "Frequência nos pretos brasileiros", e ainda deu início à discussão sobre as "Formas clínicas da paranóia nos pretos brasileiros". Destaca-se, na primeira observação ali descrita, 1 o detalhado estudo psicopatológico que possibilitou ao autor diferenciar o delírio de negação de órgãos da doente, conectado ao delírio paranóico e de origem alucinatória, daquele descrito por Cotard, relacionado à melancolia (Nina-Rodrigues, 2004, p. 176-7).Nesta segunda parte do artigo, continuando as "Formas clínicas", são apresentados dez casos, do total de 16 observações clínicas compiladas por Nina-Rodrigues. Os casos II a V têm como diagnóstico o "delírio crónico de evolução sistemática de Magnan" (grupo A). As observações VI a VIII são casos que seriam chamados de "paranóia" por Teixeira Brandão ou de "delírio sistematizado dos degenerados" por Magnan (grupo B). Vale ressaltar que, a despeito