O objetivo deste artigo está centrado em perceber pelo campo das sensibilidades multifacetadas de Nelson Rodrigues (1912-1980) a sua visão romântica de mundo, do Rio de Janeiro e das relações amorosas no transcurso do século XX, momento em que produz peças teatrais, produção jornalística e demais escritos, percebendo um sentimento de nostalgia pelo passado em detrimento do pessimismo no presente. Verifica-se uma ressignificação dos espaços públicos pela ótica do lazer e do entretenimento, e a assimilação pelos sujeitos dos valores modernos provenientes da família burguesa, além da reprodução desses mesmos valores nas demais classes sociais. Pretende-se decodificar a singularidade e a multifacetada vontade de reflexão crítica da modernidade em sua escrita, e de si mesmo, e as sutilezas ao polemizar sobre a concepção de sociedade que se esperava, mas que, por outro lado, não se concretizou, ao ver o mundo a sua volta modificar-se constantemente. Intenta-se perceber como metodologia de análise das fontes os indícios e sinais através do paradigma indiciário, aspectos esses perseguidos pelo autor em sua escrita e provenientes da sua personalidade. Como referencial teórico, utilizo a História das sensibilidades no diagnóstico das formas de sentir e estar presente na cidade captando pela dimensão sensível o turbilhão de mudanças na sociedade carioca e decifrando o cotidiano pela lente da ficção, o que resulta em um caleidoscópio de sensações.