Um discurso que derruba muralhas: reflexões sobre a riqueza e força da voz de/em Barack Obama

Abstract

Resumo: Este trabalho pretende apresentar reflexões acerca da noção de performanceprincipalmente a partir do que propõe o medievalista Paul Zumthor -e da voz pensada antes de qualquer sistema de significação. Estas problematizações partem, também e majoritariamente, da performance vocal do discurso "The great need of the hour", de Barack Obama.Palavras-chave: performance; esquizofonia; materialidade.-Isso é incrível! -disse Nasbitt, entusiasmado.-Você parece um astro de rock! -Obama voltou-se para o amigo e respondeu: -Se você está achando isso demais, espere até amanhã.-Como assim? -perguntou Nasbitt, com uma expressão intrigada no rosto.-Meu discurso é muito bom -explicou Obama. 2 Este diálogo foi extraído de um dos, aproximadamente, cento e cinquenta e oito mil livros relacionados a Barack Obama e enumerados pela ferramenta de busca do Google. Na introdução de O Deus de Barack Obama, o escritor e historiador estadunidense Stephen Mansfield relata a conversa do então sequer senador Barack Hussein Obama e seu amigo Martin Nasbitt. Segundo Mansfield (2008, p. 14), Nasbitt estava fascinado com a "ávida multidão" que "se amontoava e se espremia para chegar mais perto do magro e negro" Obama às vésperas de seu discurso na Convenção Nacional do Partido Democrata, em julho de 2004. O discurso de dezessete minutos foi assim percebido e descrito por Mansfield (2008, p. 14):[...] Havia uma sinalização a respeito das limitações do governo para resolver os problemas, um convite ao fim da disputa política que partia a alma da nação. As Escrituras e a poesia da experiência americana elegantemente trazidas à tona, tudo incensado pela própria história de Obama e pela promessa 'de que um garoto magricela de nome engraçado que acreditava que os Estados Unidos tinham um lugar guardado pra ele', poderia significar alguma coisa para as outras pessoas. Foi uma performance de mestre. [grifos nossos]