“…A verdade, considerando de forma didática o assunto, é que o populismo chega ao poder, à direção da governação, cavalgando a insatisfação popular contra as elites e que essa insatisfação não é sempre injustificada, seja porque não se fornecem respostas aos medos e inseguranças de natureza económica, seja porque não se ouvem as reclamações de natureza cultural (Teixeira, 2018). Não se devendo ignorar essa verdade, mesmo descontando alguns receios imaginários, em parte explicados por sentimentos de "privação relativa" (Eatwell e Goodwin, 2019, p. 25), o facto é que tudo isso pesa na adesão ao populismo, como pesa aliás, e não em pouca medida, o discurso utilizado por líderes populistas bem-sucedidos nas batalhas políticas pela conquista do poder: o seu sucesso "deve-se em parte à adoção de um discurso simples, elementar, mais baseado nas emoções do que num raciocínio complexo" (Mény, 2020, p. 52), um discurso além disso divisionista, fraturante e opondo confrontativamente fações contra fações, grupos contra grupos, coletivos contra coletivos.…”